Mesmo com as guerras e disputas políticas nos países árabes, o Brasil ampliou as exportações para estes destinos em março. No mês foi vendido o equivalente a US$ 1,14 bilhão à região, 23,11% a mais do que no mês antecedente e 24,89% acima do total de março de 2010 (US$ 916,41 milhões). No primeiro trimestre, as vendas tiveram alta de 38,13%.
O destaque foi para a Arábia Saudita, que comprou do Brasil a soma de US$ 261,19 milhões, um crescimento de 17,93% em relação a fevereiro. No trimestre, a Arábia Saudita teve aquisições de US$ 715 milhões e alta de 27,95%.
Com aumento expressivo de 114,75%, a Argélia passou a comprar mais produtos brasileiros, passando de US$ 83,31 milhões em fevereiro para US$ 178,91 milhões em março.
Para Michel Alaby, secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, é provável que o crescimento das vendas tenha sido puxado por alimentos como o frango, produto de preço menor e que sofre menos pressão do mercado interno quando comparado com a carne bovina.
Entre janeiro e março de 2010 as exportações registraram US$ 2,28 bilhões, ante US$ 3,16 bilhões no mesmo período de 2011.
O norte da África apresentou alta de 59,31% no trimestre, em que as compras de produtos brasileiros atingiram US$ 1,28 bilhão. Já os países do Golfo compraram o equivalente a US$ 1,61 bilhão, com crescimento de 34,55% no período. Nos países do Levante houve queda de 5,83% no mesmo período analisado.
Países como Egito e Argélia, que sofrem com disputas políticas e revoltas populares, ainda assim apresentaram crescimento em suas compras provenientes do Brasil no trimestre. Os egípcios tiveram alta de 44,69% ao comprar US$ 400,85 milhões em produtos brasileiros, e a Argélia, com aumento de 238,14%, acrescentou US$ 396,30 milhões em importações do Brasil.
Na Tunísia e no Iêmen, nações que também tiveram protestos, houve aumento nas compras feitas do Brasil na comparação entre o mês de março do ano passado e deste ano.
As importações da Tunísia no mês apresentaram variação de 223,22%, e no Iêmen, de 34%. Já quando comparados os meses de fevereiro e março deste ano, o resultado é diferente. Na Tunísia, houve queda de 7,96%, e no Iêmen, aumento de 77,24%.
"Mesmo com a crise, Egito e Tunísia estão recebendo muitos refugiados da Líbia, então provavelmente há uma demanda maior por alimentos", analisa o secretário-geral.
Para Alaby, ainda não é possível saber se o crescimento das exportações aos árabes vai manter o mesmo ritmo durante o ano. "Em agosto, acontece o ramadã; assim, em junho começa a ser feita a formação de estoques de alimentos como frango, carne, soja, milho, trigo, enlatados, açúcar", explica o secretário-geral.
"É muito difícil saber a tendência para o ano porque os números ainda refletem contratos já existentes, já que a maioria destas vendas foi feita por meio de processos de médio prazo, que variam entre um e dois anos."
Foco
O grupo Priority, holding que detém as marcas de calçados West Coast e Cravo & Canela, quer aumentar as exportações aos países árabes até o final de 2011. A empresa exportou quase meio milhão de pares em 2010, 17% dos quais foram para os árabes.
"O objetivo é aumentar a participação neste mercado. A estratégia será de ofertar produtos e preços melhores para a região", afirma o gerente de Exportação da companhia, John Schmidt. Atualmente, o grupo exporta, no mundo árabe, para Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Egito, Emirados, Jordânia, Kuwait, Líbano, Líbia, Omã e Síria.
Acordos
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, se reuniu no Marrocos, neste fim de semana, com o ministro da Agricultura e da Pesca Marítima do Marrocos, Aziz Akhannouch, para a assinatura do termo de cooperação entre os dois países com foco no desenvolvimento rural e na agricultura familiar.
O acordo inicia cooperação bilateral entre Brasil e Marrocos e estabelece parceria direta entre o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e o Ministério de Agricultura e da Pesca Marítima do Marrocos. O objetivo é promover o intercâmbio de experiências e de especialistas em áreas como: agricultura familiar; práticas agrícolas em áreas do semiárido, segurança alimentar e nutricional, desenvolvimento rural e assistência técnica e extensão rural.
Após o evento, Florence se reunirá com o Ministro da Agricultura da Argélia, Said Barkat, para ampliar as relações bilaterais.
Veículo: DCI