Embalagens: Apesar da acomodação do consumo, mantém investimento
A fabricante de latas de alumínio Latapack-Ball já começou a sentir uma desaceleração da demanda por parte do segmento de bebidas. Depois de um ano marcado por um pico de crescimento, em abril a companhia já verificou um patamar de vendas 6% abaixo do montante orçado para o mês. "Já houve um avanço muito grande. Agora é de se esperar uma maior acomodação da procura", disse ao Valor o diretor-comercial da empresa, Jorge Bannitz.
Nos últimos cinco anos, o setor de latas de alumínio vivenciou uma elevação das vendas de dois dígitos ao ano, mas 2010 foi um ponto fora da curva. Segundo dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (Abralatas), foram comercializadas mais de 17 bilhões de unidades de latas para bebidas, alta de 17%. Para 2011, as projeções da associação apontam para crescimento de 10%, mas as estimativas da Latapack-Ball mostram alta menor: de 6% a 8%. "O que já está muito bom", lembra o executivo.
Um dos fatores que deve controlar o aquecimento do setor de latas de alumínio é a inflação. Apesar da elevação do padrão de consumo do brasileiro, a alta geral de preços pode fazer com que o consumidor se volte para as embalagens mais baratas, como as de PET e as de vidro. Além disso, Bannitz enxerga também uma pressão vinda da elevação dos tributos sobre as bebidas nos últimos meses. "Todos os fabricantes já fizeram um repasse, com ganho de margem", afirma o executivo, enfatizando o segmento de cervejas, responsável por 70% das vendas da empresa. Outro fator que tende a limitar o consumo é o clima chuvoso no país.
Mesmo diante do provável arrefecimento do setor, o executivo prevê avanço de cerca de 20% no faturamento líquido deste ano da Latapack-Ball. Em 2010, ficou na faixa dos US$ 400 milhões. Os investimentos, que somaram cerca de US$ 100 milhões no ano passado devem somar US$ 150 milhões em 2011. A empresa recentemente anunciou o início da produção na segunda linha da fábrica de Três Rios (RJ), destinada a latas especiais, mais finas. Além disso, em Alagoinhas (BA) está em fase de construção uma nova fábrica da companhia, que deve ser concluída em março de 2012. "Esperamos logo anunciar a segunda linha em Alagoinhas", conta Bannitz. Somando essas duas localidades com a fábrica de Jacareí (SP), a empresa passará para uma capacidade de 5,5 bilhões de unidades por ano.
Esses investimentos foram puxados pelo consumo aquecido desde meados de 2009. No ano passado, foram importadas mais de 1,5 bilhão de latas. "Nossos resultados tendem a crescer bem, pois entramos com as novas linhas e elas já estão vendidas. Estamos ainda cobrindo o espaço das importações", completa. Para os próximos anos, a empresa deverá construir nova fábrica para ampliar a presença em outras regiões do país. Talvez no Centro-Oeste.
Veículo: Valor Econômico