Grupo terá unidade separada para o segmento e duas novas marcas até o ano que vem
A Bombril anunciou ontem o início da sua atuação no ramo de beleza. A compra de 75% das marcas da Ecologie, por R$ 15 milhões, será o pontapé inicial de uma estratégia que o presidente do conselho de administração da companhia, Ronaldo Sampaio Ferreira acalentava há cinco anos: ganhar espaço no setor de cosméticos, que fatura mais de R$ 15 bilhões ao ano no País.
Após um processo equivocado de venda da empresa a um grupo italiano e de muitas brigas societárias, o executivo - filho do fundador da empresa, Roberto Sampaio Ferreira - voltou à Bombril em 2006, já com a ideia da linha de cosméticos. "Se o BNDES me liberasse dinheiro, compraria uma empresa maior", diz, citando entre as candidatas a Ox, do Grupo Bertin.
Para o presidente do conselho, se a Bombril não tivesse sofrido tantos reveses nos anos 1990, a decisão sobre a entrada em cosméticos e beleza teria vindo muito antes. "Sempre tive essa ideia na minha cabeça. Era uma decisão que poderia ter sido tomada há 20 anos", afirma.
Segundo a companhia, no entanto, a pequena Ecologie - que faturou R$ 18 milhões no ano passado - será suficiente para montar um bom portfólio inicial de produtos: serão 120 itens, a maioria de cuidados para o cabelo. Como a escala é pequena, a Bombril já desenvolve internamente duas outras marcas complementares: uma para adolescentes, a ser lançada em setembro, e outra para mulheres acima de 40 anos, prevista para 2012.
Parcimônia. No curto prazo, os objetivos da Bombril para o novo segmento ainda são modestos. Segundo o diretor de marketing da empresa, Marcos Scaldelai, a ideia é atingir receita de R$ 50 milhões em 2012, o que representará apenas uma pequena fração do faturamento com a linha de limpeza, que deve chegar a R$ 1,5 bilhão neste ano.
O executivo diz que a companhia passará dois anos testando a aceitação das linhas da marca. Por isso, no curto prazo, a venda dos cosméticos Ecologie deverá ficar restrita às farmácias e supermercados de médio porte. A produção também não exigirá grandes investimentos: a exemplo da Ecologie, as demais linhas de cuidado com o corpo terão fabricação terceirizada.
Por enquanto, o principal sinal da aposta do grupo no setor de cosméticos é estrutural. Nos próximos meses, a Bombril vai criar uma holding com duas empresas, uma dedicada aos cosméticos e outra aos cuidados com o lar. Até 2012, a companhia pretende ainda entrar em dois novos segmentos: lançará linhas de cuidados com animais de estimação e de limpeza de veículos.
Para Scaldelai, além da possibilidade de receita - ele diz que o mercado de limpeza cresce 12% no País, contra 18% da expansão dos cosméticos -, o novo segmento é uma chance de rejuvenescer a marca Bombril. Por isso, a "marca-mãe" constará discretamente nas embalagens das linhas de cosméticos.
Passada a fase de testes da nova empreitada, que vai até 2012, o executivo diz que a meta é investir na construção das marcas - algo obrigatório no setor de beleza. "Vamos investir 15% da receita líquida em publicidade."
Olhos abertos
MARCOS SCALDELAI
DIRETOR DE MARKETING E P&D DA BOMBRIL
"Mantivemos conversas com várias empresas e fizemos pesquisa de marcas. Ainda temos negociações em curso, que poderão ser concretizadas no segundo semestre."
Veículo: O Estado de S.Paulo