Sara Lee negocia operação de café da Maratá

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A Sara Lee, que tem 22,3% do mercado de café do país, negocia a compra das operações de café da sergipana Maratá ou uma fusão com a empresa nordestina, disseram ao Valor fontes ligadas às duas companhias, que não quiseram se identificar.

 

No caso de uma aquisição, o valor do negócio seria de R$ 1 bilhão e envolveria uma das sete fábricas da Maratá, em Itaporanga d'Ajuda (SE). A unidade produz café, refresco em pó e chás de infusão. Conforme as fontes, a receita da unidade é de R$ 600 milhões ao ano - quase metade das vendas da companhia. Procuradas, Sara Lee e Maratá não comentaram o assunto.

 

A compra - ou fusão - abriria portas ao mercado nordestino para a Sara Lee. Naquela região, a liderança é disputada entre a própria Maratá (dona das marcas de café Maratá e Café Puro) e a torrefadora 3Corações - joint venture formada em 2005 pelo grupo israelense Strauss-Elite e o brasileiro Santa Clara. Além disso, os produtos Maratá têm boa presença no varejo do Nordeste, ocupando lugar de destaque nas prateleiras dos supermercados da região. Por estar no interior de Sergipe, a unidade de Itaporanga d'Ajuda tem generosos descontos nos tributos estaduais, o que pode ter aumentado o interesse em sua aquisição.

 

A Sara Lee, que tem quase 30% do mercado de café do Centro-Sul do país, detém apenas 9% no Nordeste. O objetivo é elevar a fatia no Nordeste para o patamar nacional nos próximos anos. A aquisição ampliaria a distância entre a americana e a segunda no ranking nacional, a 3Corações. As negociações entre Sara Lee e Maratá, conforme pessoas ligadas à operação, estão em estágio avançado, embora haja mais três empresas interessadas. Uma delas seria a Bunge, que não comenta o assunto.

 

"As conversas se iniciaram por meio de uma oferta de compra da Sara Lee. A Maratá sabe que para crescer precisa fazer um movimento desses. Mas a família deseja continuar no negócio, por isso surgiu também a proposta de uma fusão", conta uma pessoa que participou do processo.

 

A negociação começou há quase seis meses, segundo fontes. Consultorias que acompanhavam o processo, afirmaram que o valor pedido pelos controladores da Maratá estaria muito acima da disponibilidade da Sara Lee. Daí a demora para a conclusão do negócio.

 

A relação entre as duas companhias, entretanto, é amigável e antiga. Em 2008, os dois grupos fecharam uma parceria pela qual a Maratá passou a industrializar (em Itaporanga), empacotar e distribuir produtos da Sara Lee no Nordeste.

 

No caso de uma aquisição, a oferta de R$ 1 bilhão incluiria também ações da empresa compradora, disse a fonte. Segundo a mesma pessoa, a Maratá tem baixo nível de endividamento, fato que justifica o alto valor da negociação.

 

A Maratá é totalmente familiar e pertence ao grupo familiar José Augusto Vieira, e tem sede na cidade de Lagarto, em Sergipe. Foi fundada por José Augusto Vieira, que iniciou suas atividades com a comercialização de fumo de corda, na década de 70. Segundo um analista, que prefere não se identificar, essas características estariam reduzindo a competitividade da empresa no varejo, exatamente contra marcas da Sara Lee e da 3Corações.

 

Hoje, a Maratá é a quarta maior empresa de café do país (atrás de Sara Lee, 3Corações e Melitta) e produz - além de fumo, café, refrescos em pó e chás - achocolatados, sucos prontos, gelatinas, temperos, adoçantes, copos descartáveis e filtros para café, com atuação no Nordeste, parte do Centro-Oeste e o Amazonas.

 

A Sara Lee, com sede em Downers Grove, nos Estados Unidos, é dona no Brasil das marcas Pilão, Caboclo e Café do Ponto, entre outras. Em novembro, comprou a paranaense Café Damasco por R$ 100 milhões. Desde o ano passado a companhia está desmembrando suas operações de carnes e café em duas empresas separadas e vem vendendo ativos não ligados ao setor de alimentos, como a divisão de inseticidas. Um dos grupos que se mostrou interessado nas operações de carnes da companhia foi a brasileira JBS. (Colaboram Alexandre Inacio e Adriana Mattos)

 

Veículo: Valor Econômico


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