Expedição Via Láctea busca adaptação aos padrões internacionais.
As novas exigências para a produção de leite em Minas Gerais e no restante do país estão estimulando a participação de produtores e representante do setor em projetos que têm como objetivo esclarecer as regras e a importância da Instrução Normativa 51 (IN 51), baixada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A expectativa do setor é aumentar a remuneração através da maior qualidade. O leite produzido no país passará a seguir regras de qualidade equivalentes ou superiores aos padrões internacionais.
As novas regras, que começarão a vigorar em julho, caso não cumpridas, poderão retirar do mercado produtores que não investem na qualidade e nas boas práticas de produção do leite. A normativa regulariza todos os processos de produção, passando pelas fazendas, sistemas de transportes até as indústrias.
Com o objetivo de divulgar a importância do aumento da qualidade e demonstrar que é possível produzir o leite dentro dos padrões exigidos pelo Mapa, o Instituto BioSistêmico (IBS), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e empresas privadas, criou a Expedição Via Láctea, que está percorrendo as principais regiões produtoras, levando aos pecuaristas informações essenciais para aumentar a qualidade do leite.
O objetivo é esclarecer para os produtores, técnicos e consumidores a importância da qualidade do leite e os impactos socioeconômicos decorrentes desse fator, além de realizar coletas e análises de leite, que tem como objetivo identificar os pontos críticos e demonstrar junto ao produtor que é possível a produção de leite de boa qualidade e dentro dos novos padrões que serão exigidos a partir de julho.
De acordo com o coordenador da Expedição Via Láctea, Manoel de Matos, os envolvidos no projeto percorrerão os seis principais estados produtores de leite do país, realizando palestras com informações sobre a IN 51, com dois laboratórios móveis, onde serão realizados testes de qualidade do leite. A expectativa é que as palestras atendam a cerca de 2.500 produtores mineiros distribuídos em no mínimo 26 municípios. A expedição em Minas foi viabilizada através de parcerias com o Sebrae-MG, cooperativas, associações, empresas e prefeituras.
Além de Minas Gerais, também serão visitados os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Goiás. Ao todo, serão 51 municípios percorridos, 510 propriedades analisadas e 5.100 pessoas beneficiadas.
Critérios rigorosos - As novas regras para a produção de leite foram definidas pelo Mapa, por meio da IN 51, e estabelecem critérios rigorosos, com reduções nos limites permitidos de células somáticas e contagem bacteriana total. Um dos principais receios do setor é que os pequenos produtores sejam eliminados do mercado, devido ao comprometimento da renda que impede investimentos nos processos produtivos.
Para Matos, todos os produtores têm condições de adaptar a produção às regras da IN 51. "A instrução foi criada em 2002 e foi aplicada gradualmente no país, dando condições plenas para a adaptação dos produtores. A IN 51 será um marco para a produção de leite no país. Com o aumento da qualidade, a tendência é que ocorra elevação na demanda, tanto interna como externa, o que favorecerá a formação de preços lucrativos para a cadeia produtiva. Para se manter ativo no mercado, os investimentos na qualidade devem ser tratados como prioridade", disse Matos.
Segundo ele, Minas Gerais, por ser o maior produtor de leite do país, poderá ser no futuro o Estado mais beneficiado com a elevação da qualidade e dos preços do produto.
A produção de leite em Minas Gerais deve encerrar 2011 com incremento de 5% frente ao volume registrado no ano passado, alcançando cerca de 7,8 bilhões de litros. O desempenho do setor no Estado é avaliado positivamente, com aumento da demanda, principalmente por produtos com maior valor agregado, como queijos e iogurtes.
Veículo: Diário do Comércio - MG