Calças, blusas e calçados têm ganho cada vez mais espaço no carrinho de compras. Foi-se o tempo em que a ida ao supermercado se resumia à aquisição de alimentos e produtos de limpeza. É que as redes varejistas têm investido cada vez mais no setor têxtil e buscam aliar preço, qualidade, comodidade e variedade para conquistar os consumidores.
Marcas próprias e profissionais especializados em moda fazem parte da estratégia das empresas para oferecer produtos diversificados que vão desde camisetas, calças jeans, até bolsas, casacos e acessórios. A diversidade inclui peças voltadas para o uso no dia a dia, no trabalho, para praticar esportes e linhas infantis.
Vender itens de qualidade é outra preocupação das redes na tentativa de mudar o hábito do brasileiro que não tem tanto o costume de comprar roupas no supermercado. E o preço médio das peças em geral é inferior ao das grandes lojas de departamento, segundo Heloísa Omine, professora do Núcleo de Estudos do Varejo da ESPM.
Para a professora, as redes de hipermercados estão cada vez mais atentas para o setor de vestuário. “Esse movimento vem se acentuando ao longo da década e cresce a cada ano”, diz. É o caso da Rede Extra de Hipermercados que registra crescimento médio anual de 14% nas vendas no setor têxtil desde que começou a trabalhar com marcas exclusivas, há cerca de três anos. “Temos uma equipe que desenvolve coleções próprias baseadas no estilo de vida das pessoas”, afirma a gerente comercial do Extra, Léia Rech.
O Walmart também tem um departamento de design, que adapta tendências globais para o mercado brasileiro. O processo de criação inclui viagens internacionais e análises de tendências. “Temos sentido que o preconceito (por parte do consumidor) tem diminuído em função da qualidade das peças e do preço abaixo do mercado”, explica Cesar Roxo, diretor comercial do Walmart.
Já o Carrefour investe há seis anos em coleções de moda. A cada seis meses, a companhia desenvolve duas principais linhas de produtos inspiradas nas estações do ano. O preço médio das peças varia de R$ 7,99 a R$ 49,90. Casacos e jaquetas de inverno podem custar até R$ 129,90.
Consumidores
A designer Zélia Torrezan Silvério, de 23 anos, passou a comprar roupas em supermercado com mais frequência há um ano, desde que se mudou para um apartamento que fica próximo de uma rede varejista.
“Sou totalmente a favor da compras em supermercados pois notei que há uma preocupação maior em acompanhar as tendências ditadas pelas marcas da moda. É possível achar muitas peças similares às tendências da passarela, mas com preço mais acessível”, diz a designer.
Em busca de consumidores como Zélia, as empresas passaram a prestar mais atenção ao setor de vestuário. O presidente do conselho do Programa de Administração de Varejo (Provar/Ibevar), Claudio Felisoni, diz que há uma tendência dos hipermercados ampliarem a variedade de produtos. Enquanto os bens de consumo, como alimentos e produtos de limpeza, são padronizados e as margens de lucro, mais baixas, o setor de vestuário possibilita a diversificação e margens de lucro mais atrativas.
Além da contratação de especialistas, as redes investem no ponto de venda para valorizar as peças e atrair o consumidor, segundo Antônio Sá, professor da Fundação Armando Álavres Penteado (Faap). “Os clientes têm encontrado roupas de qualidade com bom custo-benefício.”
Veículo: Jornal da Tarde - SP