Preço da castanha dispara e reduz comércio no RN

Leia em 3min 10s

A maior queda registrada nos últimos 30 anos na safra de castanha de caju, no Estado, traz consequências graves ao setor. A escassez do produto elevou o preço médio em 100% e comerciantes amargam prejuízos nas vendas. Nas indústrias de processamento da castanha, a realidade é de paralisação das atividades ou de redução da capacidade de processamento em 50%, como também do quadro de pessoal. Algumas empresas exportadoras cogitam, inclusive, dar férias ou promover demissões coletivas, para contornar o momento difícil.

 

O encolhimento do mercado é resultado da tríade envelhecimento dos pomares, ventos fortes e escassez de chuvas no período de floração, experimentados no ano passado, que reduziu a produção em 70%. Ou seja, dos cerca de 120 mil hectares plantados em 2010, a estiagem permitiu que apenas 30% fosse colhida.

 

“É uma realidade em nível regional.  A falta de precipitações, colocou a produção em estado de crise”, observa o assessor  regional de culturas da região de Mossoró do Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do RN (Emater), José Roberval de Lima. O Rio Grande do Norte, o Ceará e o Piauí concentram em torno de 90% da produção de castanha do Brasil e as perdas sofridas por eles representa para o país uma das maiores quebras de safra.

 

Obedecendo - à risca - a dinâmica de mercado de oferta e procura, o quilo da castanha de caju ‘in natura’ saltou da faixa de  R$ 2,09 para até R$ 3,50, o quilo. O que inviabiliza o trabalho de centenas de mini-indústrias de beneficiamento de castanha familiares. Em Serra do Mel, das 200 fabriquetas, segundo José Roberval de Lima, somente 120 se mantém em funcionamento, “ainda assim operando com a capacidade reduzida, devido à falta da castanha”.

 

O preço médio de R$ 11,00, por quilo da amêndoa de castanha de caju, praticado no ano passado, impulsionou o valor no mercado interno à medida que a castanha foi rareando no  campo. Atualmente, a média chega a R$ 22,00, por quilo.

 

O parque industrial no Estado, explica o secretário adjunto de agricultura e pesca Simplício Holanda, tem capacidade de processamento 75 mil toneladas de castanha de caju. Mesmo  com a safra em equilíbrio, o total processado é em torno de 50 mil toneladas. Em 2009, foram 48 mil toneladas. “O déficit – em torno de 20 mil toneladas - em anos normais vem sendo complementada pela produção trazida dos estados do Piauí, Maranhão e Bahia”.

 

Com a queda sofrida no ano passado, ressalta Simplício Holanda, o Rio Grande do Norte  não está conseguindo competir no mercado externo.  “O quilo da castanha  in natura a US$ 2.00, é a maior  faixa de preço registrada nos últimos 30 anos, no mercado externo”, avalia o secretário adjunto. As três maiores empresas de exportação do Nordeste, segundo ele, estão importando da África, China e outros países ao preço de R$ 0,90, o quilo da castanha.

 

Mas a perspectiva é que o cenário melhore a partir de setembro, com o início da colheita 2011/2012. As boas chuvas que estão caindo este ano trazem uma previsão favorável para o mercado, analisa o  José Roberval de Lima, da Emater.

 

“Esperamos que a partir do segundo semestre, com a maior oferta, o preço comece a cair e estabilizar o mercado. Por ora, não temos como mensurar as perdas”, afirma.

 

A estimativa de produtividade para a safra 2011/2012 é de 400 mil quilos por hectare, o que sugere uma produção superior a 30 mil toneladas. O maior produtor, o município de Serra do Mel, deve ter uma safra de 12 mil toneladas.

 


Veículo: Tribuna do Norte - RN


Veja também

Supermercado é lugar bom para comprar roupa

Calças, blusas e calçados têm ganho cada vez mais espaço no carrinho de compras. Foi-se o tem...

Veja mais
Sanrio muda estratégia e leva Hello Kitty aos supermercados

Depois de consagrar a gatinha mais famosa do mundo, a Hello Kitty, nos cadernos e materiais escolares brasileiros, a San...

Veja mais
Festas juninas aquecem comércio de roupas, acessórios e comidas

A uma semana do mês de junho, os comerciantes já se preparam para o aquecimento das vendas de produtos t&ia...

Veja mais
Carrefour aposta na soja brasileira não transgênica

Varejista levará carne livre de ração modificada para novos mercados; Brasil é o únic...

Veja mais
Maracujá azedo em destaque

Colheita dos maiores municípios produtores da fruta no estado vai crescer 30,8% este ano    O mar...

Veja mais
Todos por um

Conheça a Rede Brasil, grupo formado por 16 supermercados de todo o País, que se uniu para enfrentar os gi...

Veja mais
Câmbio afeta faturamento da Cenibra

Os custos da companhia são em real, mas as vendas são fechadas com base na moeda norte-americana.  ...

Veja mais
Como o supermercado se arma para o futuro

Um aparelho que parece um smartphone está fazendo a felicidade dos frequentadores - e donos - de supermercados no...

Veja mais
Saúde e sustentabilidade na agenda de empresas de leite

Moore, da GDP, diz que objetivo é discutir questões de longo prazo em lácteosO potencial do setor b...

Veja mais