Ganho de escala seria o atrativo em acordo Carrefour e Pão de Açúcar

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Venda das operações do Carrefour no Brasil volta ao foco, após reportagem publicada por jornal francês

 

Uma negociação entre Carrefour e Pão de Açúcar envolvendo os ativos no Brasil seria uma saída para o grupo francês fazer caixa, segundo fontes. Ao mesmo tempo, ficaria dentro da visão do empresário Abílio Diniz de não perder uma boa oportunidade. Até que a sondagem se transforme em um acordo, no entanto, muita conversa ainda terá de acontecer entre as duas partes.

 

A venda dos ativos do Carrefour no Brasil voltou ao foco depois de o semanário francês Le Journal du Dimanche publicar reportagem afirmando que o Carrefour contratou o banco de investimentos Lazard para se aproximar da família Diniz e sondá-la sobre a possibilidade de fusão, em troca de uma participação no Carrefour. Procurados pela Agência Estado, Carrefour e Pão de Açúcar disseram que não comentariam o assunto.

 

Com posição de caixa e aplicações financeiras na casa dos R$ 4 bilhões, o Pão de Açúcar não teria dificuldades em aproveitar essa chance, assim como fez quando se associou com a Casas Bahia, criando uma empresa líder no segmento de bens duráveis no Brasil. Pessoas próximas a Abílio Diniz costumam dizer que o empresário é obcecado por manter o grupo em excelente saúde financeira, e o caixa robusto tem por objetivo, exatamente, não perder boas oportunidades de aquisição. Juntos, Pão de Açúcar e Carrefour somariam mais de 1,1 mil lojas apenas entre supermercados e hipermercados. Incluindo bens duráveis, superariam 2 mil lojas.

 

A possibilidade da venda das operações do Carrefour no Brasil ganha força desde o segundo semestre de 2009, quando dois dos maiores acionistas da varejista francesa, o bilionário francês Bernard Arnault e a empresa de private equity americana Colony Capital, manifestaram interesse em se desfazer de ativos em mercados emergentes, incluindo o Brasil. Na época, porém, falava-se que o maior cotado à aquisição era o Walmart.

 

Venda. "A operação do Carrefour no Brasil é extremamente importante e não faria sentido vendê-la, como estratégia de longo prazo. Mas, hoje, se depender da força de parte de seus maiores acionistas, pode acontecer. Essa fumaça não é gratuita", disse uma fonte próxima à rede varejista, que preferiu não ser identificada.

 

Na unidade brasileira, o assunto ainda é tratado com muito discrição, uma vez que toda negociação, se prosperar, será feita pela matriz, segundo outra fonte ligada à empresa. Um eventual negócio também precisaria passar pelo Casino, rival do Carrefour na França e sócio do Pão de Açúcar. Além disso, também poderia sofrer restrições das autoridades de defesa da concorrência.

 

Os ganhos de escala para redução dos custos fixos seriam o maior atrativo para o negócio, sobretudo neste momento em que os hipermercados perdem espaço nas vendas do varejo no Brasil. O presidente do Instituto de Pesquisas de Mercado Fractal, Celso Grissi, destaca que os supermercados operam com margens muito baixas, que demandam alta escala de compras e a necessidade de constante redução de despesas.

 

Foi em busca de margens maiores que o Pão de Açúcar comprou o Ponto Frio e a Casas Bahia. Uma fonte próxima à empresa conta que a entrada mais forte no segmento de eletrodomésticos e móveis tem permitido negociações melhores com os fornecedores e, portanto, retornos maiores para o grupo, no momento que a concorrência no segmento de bens não duráveis está cada vez mais acirrada.

 

Estagnação

 

Além das dificuldades financeiras, o Carrefour ficou estacionado em seu modelo e não conseguiu acompanhar a tendência do varejo brasileiro de operar cada vez mais com lojas menores.

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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