Com a queda no consumo, empresas investem em produtos que tradicionalmente não eram comercializados
Com o objetivo de ampliar a receita e até mesmo driblar a queda no consumo, em função da alta de preços gerada pela inflação, redes supermercadistas mineiras estão realizando investimentos na ampliação e na diversificação do mix de produtos. Conforme representantes de empresas do Estado, os aportes estão sendo realizados desde o começo deste ano e privilegiam não só os itens de categorias tradicionalmente comercializadas pelo setor, mas outros, como decoração, papelaria e bazar.
Um bom exemplo pode ser dado pela rede Super Nosso, que possui 12 unidades na capital mineira. Somente nos primeiros cinco deste exercício a variedade de produtos oferecidos nas lojas cresceu cerca de 10% na comparação com o mesmo intervalo de 2010. Apesar de não revelar o valor das inversões, o diretor do grupo, Euler Fuad, confirma que a empresa vem trabalhando fortemente não só na expansão do número de itens oferecidos, mas também na diversificação das gôndolas.
"Com o aumento da renda da população e a ampliação do consumo por parte das pessoas pertencentes às classes mais baixas, a procura por itens com maior valor agregado aumentou consideravelmente. Assim, a busca por produtos especiais e de diferentes categorias, como bebidas finas importadas e alimentos orgânicos, por exemplo, tem sido uma constante em nosso planejamento estratégico de mix", explica.
Em algumas empresas, a variedade de itens oferecidos cresceu 15% neste ano
Atualmente, a rede conta com mais de 20 mil produtos à disposição dos clientes e possui itens com preços bastante diversificados. Isso porque, conforme Fuad, com o aumento do poder de compra das classes populares foi preciso investir em maior escala em artigos com maior valor agregado. "Se antes essas pessoas optavam sempre pelo produto de menor preço, hoje elas vão direto àqueles de marcas mais famosas ou nos líderes de consumo", justifica.
Na rede de Supermercados ABC, com 21 lojas e sediada em Divinópolis (região Centro-Oeste), foi adotada a mesma estratégia de ampliação do mix. Conforme o diretor de Marketing da empresa, Túlio Fernandes Martins, hoje são vendidos cerca de 16 mil itens diferentes, volume também 10% superior ao registrado no mesmo período de 2010.
Segundo ele, os aportes no aumento do número de produtos comercializados pelos Supermercados ABC estão sendo realizados com o objetivo de ampliar a receita da empresa e evitar a queda nas vendas, provocada pelos altos preços de alguns itens. "A cada dia, a indústria lança produtos no mercado, com diferenciais que os tornam mais atrativos aos consumidores. E nós, enquanto ponte entre um e outro, temos a obrigação de colocá-los em nossas gôndolas", diz.
Porém, Martins alerta que é preciso manter uma certa cautela, já que grande parte dos novos produtos, muitas vezes, não "pega" e precisa ser devolvida ao fabricante. "Assim, de uns anos para cá, temos optado mais pela diversificação do que pela ampliação do mix. Isso porque temos pouco espaço nas prateleiras e ainda corremos o risco de ficar com o produto parado no estoque. Os investimentos em expansão, no caso da nossa empresa, só estão ocorrendo mesmo quando há demanda do mercado", explica.
No Supermercado São Jerônimo, com cinco unidades em Passos (Sul de Minas), o aumento do mix de produtos de 2010 para 2011 foi da ordem de 15%. Conforme o proprietário da rede, Jerônimo Pereira Machado, hoje são cerca de 13 mil itens à disposição dos clientes. Segundo ele, as inversões visam, principalmente, o incremento dos negócios.
"Temos buscado uma maior atuação na cidade, a começar pelo aumento dos itens comercializados pela rede. Além disso, procuramos oferecer novas categorias de produtos, como perfumaria e importados, o que nos tem permitido ampliar os negócios de forma significativa", afirma.
Veículo: Diário do Comércio - MG