Abaladas pela alta dos preços, as vendas de combustíveis tiveram crescimento mais tímido no início deste ano. De janeiro a março, elas subiram 3,7% ante igual período no ano passado. Em 2010, o mercado de combustíveis havia apresentado expansão de 9,3% no primeiro trimestre, também na comparação com o mesmo intervalo do exercício anterior.
O consumo de gasolina teve aumento de 7,6% nos três primeiros meses de 2011. Já o de álcool, apesar dos preços em elevação, registrou elevação de 2,4% no consumo. No mês seguinte, no entanto, as vendas do combustível derivado da cana-de-açúcar despencaram. Houve retração de 60% ante abril de 2010. Foi o menor consumo registrado para um mês desde 2005. Na média de janeiro a abril, as vendas de álcool acumularam retração de 9,5%.
"Houve uma pequena redução do crescimento pela alta dos preços, no início do ano. Em maio, com a queda nos preços, já há sinais de recuperação nas vendas de álcool, e de recuo no consumo de gasolina", afirmou o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), Alísio Vaz.
Para este exercício, o Sindicom projeta crescimento em torno de 5% para o mercado de combustíveis. No ano passado, as vendas no país subiram 8,7%. "A frota segue crescendo, e o consumidor de álcool e gasolina segue demandando muito combustível", comenta Vaz.
O Sindicom prevê que o mercado de combustíveis no país registre em 2011 incremento em torno de 5%
Perdas - O mercado clandestino de etanol e a inadimplência de impostos por algumas distribuidoras de combustíveis podem ter gerado perdas de R$ 1 bilhão na arrecadação de impostos em 2010, segundo a entidade.
De acordo com cálculos do sindicato, dos 17,2 bilhões de litros de etanol hidratado vendidos no país no ano passado, 2,1 bilhões entraram no mercado clandestino. Isto é, o combustível saiu das usinas, mas não foi registrado nos postos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Além disso, os impostos referentes a mais 3,1 bilhões de litros de etanol não teriam sido pagos - 20% dos 15 bilhões de litros vendidos pelas empresas distribuidoras de combustíveis do país. Segundo a entidade, isso teria gerado perdas de R$ 600 milhões em Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) e mais R$ 400 milhões em Programa de Integração Social e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (PIS/Confins).
Conforme Vaz, a legislação tributária brasileira é "generosa" com quem não paga impostos. Sem pagar tributos, algumas distribuidoras conseguem baixar preços e prejudicam a concorrência.
"O inadimplente tem diversas regalias. Ele é tolerado. As leis toleram quem não paga imposto e continua atuando no mercado. disso que se valem esses inadimplentes profissionais. São empresas montadas com esse intuito. São empresas que se mantêm atuando durante um ou dois anos não pagando impostos e praticando preços (impossíveis)", diz o presidente do Sindicom.
De acordo com ele, a prática ocorre em distribuidoras que não são filiadas ao sindicato. O Sindicom, que representa 18 mil postos de combustíveis, responde por cerca de 60% do mercado de etanol brasileiro. (FP/Abr)
Veículo: Diário do Comércio - MG