Suzano adia prazo de fábricas no Nordeste

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Fabricante de papel e celulose anuncia plano de investimentos, mas ainda busca recursos

 

A Suzano Papel e Celulose anunciou ontem a intenção de investir R$ 3,5 bilhões neste ano, número que poderá saltar para R$ 9,7 bilhões quando somados os aportes previstos para 2012 e 2013.

 

Mas, para viabilizar esse plano, a companhia precisará recorrer a parcerias e venda de ativos. As duas alternativas visam a limitar a expansão do endividamento, preocupação que também obrigou a direção da Suzano a adiar o cronograma das duas fábricas de celulose a serem construídas no Nordeste.

 

O plano de investimentos ainda é ambicioso. Segundo o presidente da Suzano, Antonio Maciel Neto, o aporte de R$ 3,5 bilhões previsto para este ano coloca o grupo entre os cinco maiores investidores de 2011. Por trás desse número, entretanto, está a preocupação em relação aos últimos sinais da economia mundial, o que justificou a decisão de postergar o cronograma de conclusão da fábrica do Maranhão, do primeiro semestre de 2013 para novembro do mesmo ano, e do Piauí, de 2014 para o primeiro semestre de 2016.

 

Os dois projetos foram apresentados pela Suzano em julho de 2008, meses antes do agravamento da crise econômica global. "Hoje, com os custos atuais, o câmbio, a situação geral do mercado e a nossa necessidade de solidez financeira, é melhor adiar Piauí por um ano e alguns meses", explicou Maciel.

 

O anúncio feito pela Suzano pode ser considerado surpreendente. Há pouco mais de três meses, a companhia comunicou a antecipação do início das operações da fábrica do Maranhão, do quarto trimestre de 2013 para abril do mesmo ano. Agora, a Suzano volta atrás e prevê a partida da fábrica para novembro. Já o cronograma do Piauí, inalterado mesmo no período mais adverso da crise econômica mundial, também foi revisto. Com o anúncio, as ações da empresa fecharam ontem em queda de 2,9%.

 

Crescimento. A postergação de cronogramas é apenas uma das frentes de atuação da Suzano no sentido de garantir crescimento sustentável sem novos saltos no endividamento. Para fazer frente aos compromissos previstos no triênio 2011-2013 e manter a solidez financeira para futuros investimentos a partir de 2014, a companhia decidiu analisar seus ativos e colocar alguns à venda. Parte da base florestal formada no Estado de São Paulo deverá ser negociada, assim como a participação de 17% na usina Capim Branco, chamada de Amador Aguiar. A negociação acerca da hidrelétrica, segundo Maciel, está mais avançada.

 

Além disso, a Suzano também reforçou a procura por parceiros. A fabricante já está em negociações com possíveis futuros sócios na Suzano Energia Renovável, empresa criada em 2010 para atuar no mercado de biomassa. Com essas operações, a Suzano elimina a necessidade de realizar novas operações de captação de recursos no mercado.

 

Maciel explicou que o grupo também analisa outras medidas, que garantiriam o crescimento nos próximos meses. Entre elas estão a assinatura de contratos de pré-venda de energia com distribuidoras desse setor e de pré-venda de celulose, além da possibilidade de terceirizar atividades como a construção de um porto no Nordeste e na área de tratamento de água e efluentes.

 

"São formas de antecipar um pouco a receita e a relação entre dívida líquida e Ebitda não subir muito", disse Maciel, referindo-se ao indicador de endividamento, que não deverá superar 3,5 vezes ao longo do plano de expansão. Todas essas alternativas são analisadas de forma a evitar que a Suzano necessite de nova injeção de capital. "Essa é a última alternativa, porque é a mais cara para os nossos acionistas."

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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