A novela em torno de um possível casamento franco-brasileiro entre o Carrefour SA e o Grupo Pão de Açúcar pode ter como epílogo um divórcio, também franco-brasileiro: o da família Diniz com o Groupe Casino.
A família Diniz e o Casino, grande rival do Carrefour, controlam hoje o Grupo Pão de Açúcar por meio de uma holding chamada Wilkes Participações SA, da qual cada parte tem 50%. A Wilkes é por sua vez a maior acionista do Companhia Brasileira de Distribuição SA, a holding do Pão de Açúcar, com 65,6% do capital votante e 26% do total.
Segundo relatórios de análise do Credit Suisse e do UBS, o acordo de acionistas entre os dois grupos dá ao Casino a opção de comprar o controle do Pão de Açúcar a partir de 22 de junho do ano que vem, além de também ter a opção de escolher o presidente do conselho da Wilkes. Pessoas a par da situação dizem que o grupo francês pretende exercer tal opção.
Um divórcio poderia decorrer daí. Confirmada a tomada de controle do Pão de Açúcar pelo Casino, a família Diniz teria a opção de sair da sociedade ao vender sua participação em ações ordinárias ao sócio francês. Segundo outra pessoa, o capital votante de Diniz valeria cerca de US$ 800 milhões. Duas pessoas a par da situação dizem que o Casino quer exercer a opção e estará pronta para comprar o controle integral do Pão de Açúcar, se isso for necessário.
"O direito de controlar foi vendido em 2005", diz uma dessas pessoas. "O Casino pagou para ter a opção a partir de 2012."
Nem o Casino, nem o Pão de Açúcar nem Abilio Diniz, o patriarca de 74 da família, comentaram o acordo. Ontem, o Pão de Açúcar voltou a afirmar que não há negociação para nenhuma aliança com o Carrefour.
Veículo: Valor Econômico