Crédito restrito preocupa o setor.
A falta de capital de giro e a dificuldade para obtenção de crédito junto aos bancos - devido ao agravamento da crise financeira internacional - ameaçam as empresas de eletrônica instaladas em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas. Na expectativa de discutir o problema e encontrar soluções, os empresários da região irão se reunir, na quarta-feira, com representantes dos principais bancos do país.
De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (Sindvel), Roberto de Souza Pinto, o encontro se faz necessário por causa do atual cenário enfrentado pelo segmento. Em primeiro lugar, segundo ele, falta capital de uma maneira geral. "O dinheiro está escasso e está mais difícil ainda obter crédito para comprar matéria-prima, que já sofreu forte aumento de preço," afirmou.
Em segundo lugar, continuou, temos o problema do dólar alto e muitas empresas que possuem contratos com fornecedores estrangeiros, para a compra componentes eletrônicos. "Os empresários fecham negócios com prazo de até 150 dias para efetuar o pagamento. Quando vão pagar, os valores que foram negociados com o dólar a R$ 1,65 são pagos com o valor atual da moeda norte-americana. Com isso, eles estão sendo obrigados a desfazer o capital de giro, o que atrapalha os investimentos futuros."
O dirigente salientou que, apesar do dólar estar mais caro, o que aumenta a margem de lucro para o exportador, os bancos não estão liberando cartas de crédito, o que está dificultando bastante a concessão de novos financiamentos. "Por isso, vamos fazer esse encontro financeiro com os bancos. Para descobrirmos alternativas para sobreviver à crise."
Souza Pinto disse que as empresas estão temerosas com as conseqüências da turbulência externa. Mas garantiu que o setor ainda não sentiu os efeitos da crise. Por outro lado, admitiu que vai haver revisão no planejamento de crescimento para este ano. "Não vou revelar agora os números. Até porque estamos passando por um período de muita incerteza e especulação. Mas, já adianto que, em 2009, a situação será mais grave. No ano que vem, os efeitos da crise serão mais fortes."
Aumento - Ele reconheceu, ainda, que os produtos fabricados no Vale da Eletrônica já estão sofrendo acréscimo nos preços. "Para se ter uma idéia, um produto que saía a R$ 800, hoje já está sendo vendido a R$ 1.080", disse.
Em sua opinião, aqueles que têm custos dos produtos taxados em dólar serão os mais prejudicados pela crise externa. "Infelizmente, todos os componentes eletrônicos são fabricados fora do país, ou seja, custam em dólar - que hoje (ontem) chegou a R$ 2,52. Isso aumenta muito o custo final do produto" lamentou.
O presidente do Sindvel aconselhou os associados, pelo menos durante esse período mais dramático, a trabalharem o máximo possível à vista. Caso isso não possa ocorrer, que optem por fechar os negócios com o menor prazo possível."
Veículo: Diário do Comércio - MG