De trabalhadores a acionistas, todos questionam o Carrefour

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Reunião com investidores promete ânimos exaltados

 

O executivo-chefe do grupo francês Carrefour, Lars Olofsson, presidirá hoje uma reunião de acionistas em que os ânimos deverão estar bastante exaltados. A varejista, segunda maior do mundo em vendas, depara-se com vários desafios.

 

Está envolvida em uma disputa de remuneração com mais de mil funcionários. A varejista informa que apelará da decisão de um tribunal francês, na semana passada, que determinou uma multa de € 3,66 milhões.

 

Separadamente, o grupo sindical Force Ouvrière, que representa cerca de 45% dos funcionários da rede, maior empregador privado da França, divulgou que mais de mil pessoas protestarão do lado de fora da reunião.

 

Os manifestantes reclamarão contra a proposta de desmembrar a rede de supermercados de descontos Dia. Dizem que o único objetivo do plano é gerar lucro de curto prazo para os acionistas.

 

O teste mais complicado para Olofsson, no entanto, virá da audiência de acionistas, descontentes com a queda no preço das ações. Dois alertas sobre os lucros nos últimos 12 meses e a indicação, na semana passada, de que o lucro operacional do primeiro semestre na França cairá por volta de 35% testaram a paciência de muitos investidores.

 

A principal decisão no encontro será o futuro do Dia. Será colocada em votação a proposta de desmembrar a unidade e lançar suas ações em Madri. A terceira maior rede mundial de supermercados de descontos, em vendas, foi avaliada em até € 4 bilhões, por analistas. A expectativa no mercado é que a separação do Dia seja aprovada.

 

Outra medida importante anunciada por Olofsson, em março, a separação de 25% da unidade de imóveis do Carrefour, foi adiada para maio.

 

A autonomia que o Dia ganharia torna sua perspectiva de desmembramento aceitável para os mercados. Alguns analistas, no entanto, mostraram-se descontentes com a separação dos ativos imobiliários, pois o Carrefour perderia controle sobre os aluguéis que teria de pagar.

 

"Para os investidores, a credibilidade do Carrefour foi contestada com o plano de desmembrar a Carrefour Property", disse um analista. Olofsson, executivo considerado estrela na Nestlé e que se juntou ao Carrefour em 2009, também enfrentará questionamentos sobre os rumores de que o Carrefour estudava a fusão de suas operações brasileiras com as do Grupo Pão de Açúcar (GPA), varejista líder no Brasil.

 

Analistas sugeriram que as autoridades de concorrência no Brasil podem ser contrárias ao acordo, que também enfrentaria forte oposição do Casino, um dos sócios do GPA. O Casino já entrou com pedido de arbitragem sobre a questão contra seu sócio brasileiro.

 

Outros argumentam que um negócio como esse seria uma distração indesejada. "Um navio como o Carrefour precisa de estabilidade e o barulho sobre o Brasil não ajuda na administração do dia a dia", disse um investidor.

 

Muitos investidores se concentrarão no futuro das operações principais do Carrefour, na França, que representam 40% as vendas do grupo. Seu novo chefe, Noel Prioux, herdou um plano de transformação voltado a recuperar as vagarosas operações domésticas.

 

No fim das contas, os que estiverem presentes estarão à espera de evidências da recuperação da "credibilidade" do gigante francês. Nas palavras de um investidor, o "Carrefour deveria operar como um líder na França e ninguém com investimentos no Carrefour esperaria nada abaixo disso."

 


Veículo: Valor Econômico


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