Sexto do mercado e dono da marca Piracanjuba, Laticínios Bela Vista investe em fábricas para ampliar produção
Com capacidade para industrializar 2,650 milhões de litros de leite por dia, no interior de Goiás, a Laticínios Bela Vista está a caminho de alcançar um faturamento de R$ 1 bilhão em 2012. Dona da marca Piracanjuba, a sexta maior indústria de laticínios do País amplia a variedade de produtos e investe na construção de novas fábricas para alcançar seu objetivo.
"Nos últimos 26 anos, aprendemos a crescer com commodities e valor agregado", diz César Helou, diretor-presidente da empresa, fundada em 1955 para fabricar manteiga. Em 2010, o laticínio faturou R$ 670 milhões. A expectativa para este ano é de R$ 800 milhões e, para 2012, de R$ 1 bilhão.
Para alcançar esses resultados, a fábrica de lácteos mudou embalagens e criou novos produtos, lançados no mês passado em São Paulo. No setor de laticínios, a Nestlé lidera o ranking, seguida por LBR (ex-Leitbom), Itambé, Italac, Imbaré e a Piracanjuba. "Há outras duas grandes empresas no setor, mas não divulgam dados operacionais", afirma César Helou.
Neste mês, a empresa vai inaugurar uma unidade em Maravilha (SC), com investimentos iniciais de R$ 35 milhões e produção de 200 mil litros de leite por dia. Até 2015, serão investidos mais R$ 55 milhões para atingir a produção de 1,2 milhão de litros de leite por dia.
Para o ano que vem, é previsto um investimento de R$ 25 milhões na construção de outra fábrica em Governador Valadares (MG), para produzir 300 mil litros diários de leite.
História. Mas nem sempre a empresa teve fôlego para investir. O negócio não começou com os irmãos Marcos e César Helou, hoje à frente da empresa, mas com o pai deles, Saladi Helou, que deixou Urutaí, no interior de Goiás, nos anos 1960, para buscar emprego em São Paulo.
Virou contador, casou-se com Cleópatra, filha de italianos que moravam no Brás. Em 1974, trocou sua casa no Brooklin pela fábrica de manteiga que pertencia ao cunhado, João Skaf. E o "escambo" se tornou um desafio para os filhos Marcos e César, engenheiros civis formados pela Universidade de São Paulo (USP).
Saladi morreu em 1985, e o treinamento de "gerente" dos filhos foi testado na fábrica á beira da falência. "Assumimos o laticínio no dia 1º de outubro de 1985, e essa é uma data muito simbólica e importante para nós", diz César Helou.
Chão de fábrica. Para livrar a empresa da ruína, os Helou foram trabalhar no chão de fábrica. Deixaram a profissão de engenheiros civis para virarem queijeiros. depois donos de laticínio e, por fim, industriais. "A politécnica é excelente escola e tem uma particularidade - ensina a tomar conta de qualquer negócio", explica César. "A empresa era pequena, não tinha capital para investir nem dinheiro para contratar e o jeito era trabalhar, e muito", comentou Marcos.
De bota branca, luvas, jaleco e com touca na cabeça, a mãe, dona Cleópatra, trabalhava o dia inteiro, e exigia mais qualidade e menos desperdício.
A família teve de reagir com velocidade para sair do buraco. E, planejar tudo de novo, desde a compra de matéria-prima a detalhes da produção e entrega dos produtos: "Meu pai era arrojado e criativo, mas a comercialização não era boa", descobriu.
Após a tragédia da morte do pai, a sorte começou a sorrir. Em 1986, o congelamento de preços do Plano Cruzado, salvou a fábrica. Lançado pelo ministro Dílson Funaro, a "tablita" prevista pelo plano cortou os juros das dívidas. No caso da Laticínios Bela Vista, o grosso da dívida eram impostos não pagos.
"Quando acabou o plano, um ano depois, nossas dívidas já não existiam mais", relembra César Helou.
A sorte também sorriu na cadeia do leite, em Goiás. Entre 1985 e 1990, a produção de leite no Estado era muito pequena. Mas, de 1990 a 2005, ocorreu o melhoramento genético do rebanho, a gestão das fazendas profissionalizou, e a produtividade da cadeia do leite Goiás cresceu 69,6% no período de 15 anos. O consumo de lácteos aumentou 18% no período.
Veículo: O Estado de S.Paulo