Supermercados disputam mercado da Grande Florianópolis e novas lojas devem receber R$ 90 milhões
Apesar da previsão de um crescimento em ritmo mais lento do que o verificado em 2010, o setor supermercadista mantém planos de expansão. Em Santa Catarina, as redes regionais que dominam o mercado disputam a Grande Florianópolis. Até o próximo ano, as cidades da região irão ganhar novas lojas das três principais empresas catarinenses do setor - Angeloni, Giassi e Bistek - em investimentos que ultrapassam R$ 90 milhões.
Esta semana, a rede Bistek, com sede em Içara, no Sul catarinense, entregou a São José a sua segunda unidade. Com um investimento de R$ 30 milhões, a loja terá cerca de 5 mil metros quadrados e será a 11ª da empresa em Santa Catarina. Segundo Walter Ghislandi, diretor da rede, a próxima inauguração deve ser em Blumenau - uma loja construída junto ao Shopping Park Europeu, com inauguração prevista para novembro.
São José, um município de 210 mil habitantes, também deve ganhar uma nova loja da rede Giassi no primeiro semestre de 2012. Segundo Zefiro Giassi, presidente do grupo, a unidade já está em fase de construção e será a segunda da empresa na cidade.
Para Giassi, a região atrai atenção porque é o ponto do Estado onde há um grande crescimento da população com poder aquisitivo e ainda há áreas disponíveis com preços que viabilizem a instalação de novos supermercados.
A região metropolitana de Florianópolis reúne cerca de 900 mil pessoas e é o maior conglomerado urbano do Estado, atualmente. Uma pesquisa da Ipsos Marplan em parceria com o Grupo RBS feita em agosto do ano passado revelou que 49% da população na região está na classe B, diferente do retrato do País, que tem na classe C sua maior fatia de consumidores. A cesta de gastos, de R$ 515,07, é maior do que a da região de Curitiba, por exemplo, e só fica atrás do valor calculado no Distrito Federal, segundo o ranking da Ipsos Marplan.
Com onze lojas em atividade, Giassi prevê um crescimento de 10% a 12% em relação a 2010. A rede ficou em 20ª posição no ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e faturou R$ 790 milhões no ano passado.
A Grande Florianópolis já foi alvo de investimento da rede Angeloni em maio. A empresa, que é líder em Santa Catarina com 24 pontos de venda investiu R$ 15 milhões em um supermercado em Biguaçu. Em entrevista ao Valor, na época, o presidente José Augusto Fretta disse que o grupo também avaliava a instalação de mais uma loja na região. A empresa faturou R$ 1,8 bilhão em 2010.
Para Ghislandi, o crescimento da população na região sustenta a investida das redes em novas lojas. De acordo com ele, o preço dos imóveis em Florianópolis se tornou impeditivo para a construção de novos supermercados. Por isso, a estratégia das empresas tem sido acompanhar o desenvolvimento da região de acesso à ilha, um movimento já acompanhado pelas construtoras e outros varejistas.
Para Sussumu Honda, presidente da Abras, o alto preço dos terrenos e a dificuldade de encontrar mão-de-obra são dois fatores que estão brecando o crescimento do setor de supermercados no Brasil. "O setor não está se expandindo como gostaria", avalia Honda, que esteve em Santa Catarina para a convenção estadual do setor.
Por conta da pressão dos preços de imóveis, a estratégia de muitos empresários é reformar atuais pontos de venda ou apostar no aluguel. A rede Koch, com sede em Tijucas, também na Grande Florianópolis, já aderiu à locação de imóveis para facilitar a expansão. Com sete lojas na região, a Koch prevê a inauguração do oitavo supermercado em Camboriú nos próximos 90 dias.
A rede, que faturou R$ 180 milhões em 2010, prevê atingir R$ 230 milhões em vendas este ano. Até 2015, José Evaldo Koch, presidente da empresa, projeta atingir o total de 10 lojas. Duas delas já foram inauguradas em imóveis alugados - com média de 2 mil metros quadrados de área construída, o investimento de Koch na reforma para inauguração é de cerca de R$ 3 milhões.
Apesar dos entraves, a previsão da Associação Catarinense de Supermercados (Acats), entidade que agrega 550 empresas filiadas - a maioria de pequenas e médias, com controle familiar - é que as vendas no Estado cresçam entre 5% e 8%. Segundo o presidente da entidade, Adriano Manoel dos Santos, o segundo semestre tende a ser mais aquecido.
Diretor da rede Bistek, Walter Ghislandi, tem planos de crescimento otimistas. Até 2015, a empresa quer faturar R$ 1 bilhão. Este ano, a rede pretende ampliar em 20% o seu faturamento e atingir R$ 500 milhões em vendas. Para atingir a meta nos próximos quatro anos, Ghislandi diz que o grupo Bistek precisa abrir outras seis lojas. "Ainda há bastante coisa para fazer em Santa Catarina", diz, sobre o destino dos investimentos. Mas não descarta uma entrada em território vizinho. "Estamos avaliando possibilidades na região da Grande Porto Alegre", diz.
Veículo: Valor Econômico