Enquanto a maioria das empresas vem concentrando esforços para ampliar sua presença na classe C, a Samsung Eletrônica parece estar de olho no topo da pirâmide de renda do Brasil. "Temos que buscar as classes A e B", disse ao Valor o coreano Jeongwook Kim, presidente da companhia no país. Há menos de seis meses no cargo, o executivo participou de um encontro com a imprensa, ontem, em São Paulo.
De acordo com Kim, expandir a participação da empresa nas classes de maior renda é importante para firmar a marca Samsung como uma referência no setor de tecnologia no Brasil. "Os mercados emergentes são os mais importantes hoje, já que as economias dos Estados Unidos e dos países europeus estão em dificuldades", disse. O executivo não soube precisar qual a participação das classes A e B no faturamento do companhia, nem a quanto pretende chegar.
A Samsung pretende ampliar, nos próximos meses, o número de produtos com preços mais altos disponíveis no varejo. Entre os equipamentos estão notebooks que podem custar até R$ 5 mil, smartphones de R$ 2 mil e tablets. Ao Valor, Silvio Stagni, vice-presidente da área de telecomunicações da Samsung afirmou que a estratégia faz parte de um alinhamento em relação à imagem que a companhia já tem fora do mercado brasileiro. "A Samsung é vista como uma marca 'premium'", disse.
A estratégia da companhia de se dedicar a produtos mais caros se contrapõe a uma orientação recente da rival japonesa Sony. Há duas semanas, a Sony - cuja marca é reconhecida entre o público das classes A e B - anunciou que pretende explorar mais oportunidades na classe C. Para Kim, essa ampliação de foco da concorrente pode ser uma boa oportunidade para a Samsung promover produtos como TVs conectadas, smartphones e tablets.
O foco em produtos mais caros não significa que a companhia planeja reduzir seus esforços na classe C, disse Kim. "Estamos trabalhando para entender os gostos e preferências do consumidor e ter produtos que atendam aos desejos deles. Vender para a classe C não é só uma questão de preço", disse.
Em 2010, a Samsung teve um faturamento de US$ 5 bilhões no Brasil. Em reais, o crescimento da companhia foi de 32% na comparação com 2009. Para este ano, a estimativa de expansão é de 20%. De acordo com Kim, os negócios com melhor desempenho serão os de notebooks, telefones celulares e tablets. "Os outros segmentos não estão tão acelerados. A área de TVs teve um desempenho parecido com o do ano passado no primeiro semestre", disse.
Na lista de mercados com maior receita para a Samsung no mundo, o Brasil está atrás apenas dos Estados Unidos, da China e da Rússia. Segundo Kim, até o fim do ano o Brasil pode assumir a terceira posição no ranking interno. Para os próximos três anos, o executivo tem um objetivo ainda mais audacioso: desbancar a China.
Ainda esta semana, a companhia pretende colocar no varejo um tablet de R$ 1 mil. O aparelho, uma versão do equipamento lançado em novembro, será o primeiro fabricado no país com incentivos fiscais específicos. De acordo com Stagni, até o fim de julho mais dois modelos serão lançados. A estimativa do executivo é de que ao todo 600 mil tablets sejam vendidos no país este ano. Os principais compradores serão empresas e governos.
Veículo: Valor Econômico