PepsiCo promove cola, mas defende diversificação

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A diretora-presidente da PepsiCo Inc., Indra Nooyi, fez pressão para que a empresa expandisse sua carteira de produtos além dos refrigerantes e salgadinhos desde que chegou, como estrategista corporativa, em 1994.

 

Mas isso não significa que ela não adora a Pepsi-Cola, disse Nooyi ao Wall Street Journal. "Sou a única pessoa que bebe a latinha azul de Pepsi neste andar", disse, referindo-se à Pepsi-Cola normal e ao andar da diretoria. "Só bebo Pepsi de latinha azul." Ela rejeita sugestões de que não soube valorizar a marca que dá nome à empresa. "Bobagem", disse.

 

De fato, a empresa está lançando sua primeira nova campanha publicitária para a Pepsi-Cola em três anos, numa tentativa de reverter um declínio que fez da marca a número três em refrigerantes nos Estados Unidos, atrás da Coca-Cola normal e da Diet Coke. A campanha, "Summer Time Is Pepsi Time", tem criado expectativa entre os engarrafadores, que veem a estratégia de diversificação de Nooyi com ressalvas. "Ela tem vergonha de vender água adoçada carbonatada?", pergunta Pat Weinstein, dono da Weistein Beverage Co., uma engarrafadora independente de Pepsi em Seattle. "Essa é uma questão que é levantada com frequência pelos engarrafadores independentes mais preocupados."

 

A PepsiCo informou que planeja gastar 30% mais em publicidade na TV para suas bebidas norte-americanas este ano, com grande ênfase em refrigerantes.

 

Nascida na Índia, Nooyi, de 55 anos, é uma das executivas mais notórias dos Estados Unidos e vista como visionária. Depois de ajudar a liderar a aquisição pela PepsiCo da Tropicana Products Inc., em 1998, e da Quaker Oats Co., fabricante do Gatorade, em 2001, ela continuou a comprar várias outras empresas de sucos e outras bebidas desde que assumiu a presidência executiva, no fim de 2006.

 

A PepsiCo tem diversificado seu portfólio há quase 20 anos, disse, acrescentando marcas e produtos mais saudáveis que podem ser consumidas de manhã, de tarde e de noite. "As pessoas questionaram essa estratégia, mas ao longo dos anos ela se mostrou correta", disse.

 

Ela disse que a compra no ano passado do laticínio russo Wimm-Bill-Dann ajuda a PepsiCo a entrar em iogurtes e produtos lácteos enriquecidos com grãos que muitas pessoas estão consumindo como refeições. "Farei uma previsão, de que todo mundo que está [no negócio de bebidas] hoje vai entrar no de laticínios, sem dúvida", disse.

 

Nooyi disse que decidiu anos atrás parar o que chama de "política de terra arrasada" de brigar por um ponto ou dois de participação no mercado em encolhimento das colas. "O que tem acontecido nessa categoria desde sempre: nós, Pepsi, promoveríamos feito loucos um programa com o [varejista], gastaríamos em tudo e obteríamos um décimo de ponto de participação de mercado", disse. "No período seguinte, a Coca viria, promoveria feito louca e ganharia um décimo. Esse é um jogo de soma zero. A categoria das colas era lucrativa, mas não aumentava os lucros."

 

A PepsiCo está adotando uma estratégia dupla para as colas, disse Nooyi. A empresa está gastando dinheiro para manter sua base de negócios mas também buscando algum grande avanço em adoçantes que produza uma cola naturalmente adoçada de zero calorias, o que Nooyi chama de "grande nirvana".

 

A empresa aumentou seu orçamento de pesquisa e desenvolvimento para US$ 488 milhões no ano passado, ante US$ 388 milhões em 2008. "Estamos confiantes de que vamos reinventar o negócio das colas da maneira certa", disse.

 

Nooyi disse que sua empresa tem tido bom desempenho em comparação com a Coca-Cola Co., que diferentemente da PepsiCo vende apenas bebidas. Ela se orgulha, disse, de que a PepsiCo não apresentou resultados decepcionantes como os de sua rival, que arcou com várias baixas contábeis durante mudanças estratégicas no início da década passada. Um porta-voz da Coca não quis comentar.

 

Nooyi tem procurado mostrar a Wall Street que refrigerantes e batatinhas não estão sendo escanteados pela nutrição. Ela disse que os negócios da empresa relacionados a nutrição vão receber apenas US$ 50 milhões em recursos diretos do grupo este ano.

 


Veículo: Valor Econômico


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