Chuva e temporais atingem trigo gaúcho e causam estragosQuando todos já vislumbravam uma das melhores safras de trigo dos últimos anos, a chuva e os temporais em seqüência durante o mês de outubro acabaram arrefecendo o ânimo dos produtores rurais gaúchos.
Em razão do clima prejudicial, a previsão feita no início do mês pela Emater – de colheita em torno de 2,094 milhões de toneladas – deverá ser revista para baixo nas próximas semanas. Até agora, foram colhidos cerca de 10% da área de 974 mil hectares plantados no Estado.
– Da alegria de uma safra lucrativa até um mês atrás, muitos produtores vão acabar a safra com a preocupação de como fazer para pagar o que investiram na lavoura de trigo – avaliou o assistente técnico da Emater em Passo Fundo, Claudio Doro.
Na região de Passo Fundo, a maioria das lavouras está em fase de enchimento de grãos e maturação. Nessa fase, a combinação de umidade e temperaturas em elevação favorece o surgimento e a proliferação de doenças fúngicas. A incidência de fungos diminui a produtividade e reduz o pH (que mede a qualidade do produto).
– O excesso de chuva afeta o trigo em desenvolvimento e o que já está pronto para colher. Com o atraso na colheita, o pH acaba se reduzindo e pode ocorrer até a germinação pré-colheita – destacou o chefe-geral da Embrapa Trigo, Gilberto Cunha.
Esse tipo de germinação antes da colheita, quando o cereal ainda está na espiga, foi constatada na região de Ijuí, que corresponde a 27,21% de toda a área estadual de trigo. Conforme o assistente técnico da Emater em Ijuí, Volnei Righi, quem colheu antes das chuvas pode se declarar contente.
Este não é o caso de Valdemar José Kunkel, de Cerro Largo, nas Missões. A chuva incessante da última semana, o granizo e o vendaval de sábado acabaram com parte da sua lavoura. Cinco de seus 20 hectares de trigo foram totalmente perdidos:
– A sorte é que os outros 15 hectares, que ficam a dois quilômetros de distância, não foram atingidos.
O produtor já descarta passar a colheitadeira nesses cinco hectares. Como o trigo fica curvado para baixo, a máquina não consegue pegar a espiga, parte da planta onde fica o cereal. Kunkel espera que os outros 15 hectares rendam em torno dos 2,4 mil quilos por hectare.
Veículo: Zero Hora - RS