Oferta de alimentos ganha espaço em lojas de conveniência

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Postos de combustível investem em padarias e lanches prontos para aumentar a rentabilidade

 

Cigarros e bebidas ainda respondem por 60% do faturamento das lojas de conveniência instaladas em postos de combustível, mas perdem espaço para uma aposta crescente do setor: os serviços de alimentação. Em 2010, eles tiveram o maior avanço entre as categorias oferecidas nesses pontos de venda e responderam por 12,1% da receita, ou R$ 408,6 milhões.

 

Em 2010, o faturamento por metro quadrado das lojas de conveniência brasileiras cresceram 54,7%, para R$ 1.171, segundo o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom). Os clientes gastaram em média R$ 6,30 por visita, 20% mais do que em 2009. "O ticket médio tem crescido especialmente por conta da alimentação", diz Alisio Vaz, presidente Sindicom.

 

A oferta de alimentos prontos, para comer no local ou levar para casa, é o carro-chefe de um movimento para agregar valor ao negócio. "A competição na venda do combustível é cada vez mais intensa e a perspectiva é que as margens tornem-se cada vez mais apertadas. Assim, o dono do posto passa a depender mais da contribuição do lucro da loja de conveniência", explica Vaz.

 

O aumento da renda, a vida atribulada e os espaços cada vez menores para guardar mantimentos em casa são sinais, para os empresários do setor, de que há um nicho a ser explorado. É essa percepção que tem levado a rede de postos Ipiranga a priorizar a alimentação na estratégia para suas 1.024 lojas am/pm, que faturaram R$ 737 milhões em 2010, 23% mais do que em 2009.

 

O diretor de varejo e marketing da Ipiranga, Jeronimo dos Santos, afirma que, para a am/pm, 2011 é "o grande ano da padaria", em referência à expansão acelerada das lojas de conveniência do grupo que assam pão. Hoje são 57, contra 30 unidades em 2010. "Com a padaria, a loja passa a fazer parte da rotina diária do consumidor", considera Santos, que trabalha para construir uma imagem de loja de bairro, não necessariamente vinculada ao abastecimento de combustível.

 

A oferta de alimentos passa por uma reestruturação da logística e das próprias lojas, já que requer cuidados de higiene e adaptação a espaços em geral pequenos. Foi por isso e para reduzir custos que a Ipiranga optou pela distribuição centralizada dos produtos, o que inclui 90 mil pães crus por dia entregue em sua rede, com manipulação mínima na loja.

 

Também de olho na tendência, a Raízen, que surgiu da fusão dos ativos de Cosan e Shell e vai eliminar a marca Esso, quer aproveitar a fama da oferta de sanduíches montados na hora das lojas Hungry Tiger e Stop & Shop, incorporadas com o negócio. Os pontos serão transformados em Select, marca da Shell, mas os lanches vão ficar. "As lojas que oferecem alimentação crescem em rentabilidade", diz Leornardo Linden, diretor de marketing e estratégia de negócios da Raízen. O grupo soma 580 lojas de conveniência e a intenção é chegar a 1,5 mil em cinco anos.

 

O conceito de conveniência, entretanto, também está no radar das grandes redes de supermercados, que investem cada vez mais em pontos de venda menores instalados nos bairros. Para fazer frente a essa concorrência, os postos precisam garantir preços competitivos, o que perseguem por meio de negociações centralizadas com fornecedores para todas as lojas de suas redes.

 

Sanduíche e pão quente também são apostas da BR Mania, dos postos Petrobras. "Em algumas praças elas já são responsáveis pela maior fatia do lucro", diz o gerente de lojas de conveniência da BR, Paulo Renato Ventura. A expectativa da empresa é que as 776 unidades BR Mania fechem este ano com faturamento 20% maior do que os R$ 550 milhões de 2010, quando foram agregados quatro novos sabores de sanduíche aos cinco já existentes de marca própria.

 

A BR Mania também começou, no fim do ano passado, a abrigar padarias. Hoje são dez unidades, mas já há orçamento para outras 40. "A padaria aumenta o faturamento das lojas em pelo menos 30%", afirma Ventura.

 

O Brasil acompanha uma tendência mundial em um mercado em que ainda engatinha. Apenas 16% dos postos do país têm lojas conveniência, enquanto nos EUA, por exemplo, são 89,4%. As unidades americanas fazem 166 milhões de transações por dia, o equivalente a metade da população do país, segundo Hank Armour, presidente da Associação de Varejistas de Conveniência e Combustíveis (NACS, na sigla em inglês).

 

Armour, que abre a feira de Postos de Combustíveis, Equipamentos, Lojas de Conveniência e Food Service, de 16 a 18 de agosto em São Paulo, vê no futuro do setor, além dos serviços de alimentação, a venda de frutas e vegetais frescos e os sistemas de pagamento com cartões pré-pagos ou até por meio do telefone celular.

 

Veículo: Valor Econômico


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