Publicidade: Nos EUA, só item mais saudável terá anúncio

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Nestlé e Kellogg estão entre as 17 empresas de alimentos instaladas nos Estados Unidos que concordaram em deixar de fazer propaganda, depois de 2013, de alimentos e bebidas para crianças que não cumpram critérios de redução no conteúdo de sódio, açúcar e gordura.

 

Sob os novos critérios nutritivos voluntários, divulgados ontem pelo Council of Better Business Bureaus (BBB), em Arlington, Virgínia, os principais produtos alimentícios anunciados para crianças com menos de 12 anos não poderão ter mais de 350 calorias. Os cereais não poderão ter mais de 10 gramas de açúcar adicionado.

 

Paralelamente ao acordo firmado ontem, um plano do governo dos Estados Unidos recomenda padrões ainda mais rigorosos e abrange os produtos com anúncios voltados aos menores de 18 anos. O governo tenta reduzir o índice de obesidade infantil, que quase triplicou desde os anos 80, para 17%, o equivalente a 12,5 milhões de americanos, segundo a agência federal Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC, em inglês). Os consumidores dos EUA gastam cerca de US$ 147 bilhões por ano em serviços médicos relacionados à obesidade, com os planos públicos Medicare e Medicaid cobrindo 42% disso.

 

O novo plano da indústria alimentícia é "realmente um acordo pioneiro com as principais empresas de alimentos e bebidas", disse Elaine Kolish, vice-presidente e diretora da Children's Food and Beverage Advertising Iniatitive (CFBAI), órgão ligado ao BBB de Arlington. "Pela primeira vez, as companhias estarão usando critérios nutritivos uniformes, em vez de critérios específicos de cada companhia."

 

As 17 empresas participantes são responsáveis pela maioria da publicidade de alimentos voltada a crianças no mercado americano, de acordo com Kolish. Entre elas estão Nestlé e Kraft Foods, as duas maiores empresas de alimentos, assim como a Kellogg, maior fabricante de cereais para café da manhã dos EUA.

 

As empresas atualmente determinam seus próprios critérios para atender os princípios básicos da CFBAI, de que os alimentos com anúncios voltados a crianças sejam "opções de dieta saudável" ou "melhores produtos para você".

 

Cerca de 30% dos produtos que atendem as atuais diretrizes da CFBAI terão de ser reformulados até 31 de dezembro de 2013, para cumprir os novos padrões de publicidade para crianças, segundo Kolish. A Kellogg, por exemplo, teria de reduzir em 2 gramas o açúcar de seu cereal Froot Loops e em 1 grama o do Frosted Flakes.

 

"Padrões uniformes para o setor são um avanço significativo e são exatamente o tipo de iniciativa que a comissão tinha em mente quando começou a pressionar pela autorregulamentação há mais de cinco anos", afirmou Jon Leibowitz, presidente da Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC, na sigla em inglês), em comunicado divulgado ontem por e-mail.

 

Ao contrário das diretrizes voluntárias propostas por um grupo de trabalho do governo federal em abril, as restrições ao setor não envolvem as embalagens dos alimentos. O grupo, criado há dois anos pelo Congresso, inclui autoridades do CDC, do FTC, da Agência de Remédios e Alimentos (FDA, na sigla em inglês) e do Departamento de Agricultura.

 

As diretrizes propostas pelo governo se aplicariam a 20 tipos de anúncios e promoções, incluindo embalagens e mostradores nas lojas, além de anúncios de TV, impressos e internet. O plano defenderia que as empresas não tenham as crianças e adolescentes como alvos nos anúncios de produtos com mais de 13 gramas de açúcar adicionado, 210 gramas de sódio e 1 grama de gordura saturada.

 

Kolish considerou a proposta do governo "irreal e impraticável". Reduzir o sódio de um produto para 210 miligramas "subestima amplamente as dificuldades técnicas envolvidas e a disposição dos consumidores de comer um produto como esse", afirmou, ontem, em entrevista.

 

Os novos limites de sódio propostos pela indústria de alimentos variam de produto a produto, com um máximo de 110 miligramas para sobremesas com base em leite, 140 miligramas para iogurtes, 290 miligramas para queijos e 480 miligramas para sopas, carne, peixe e aves.

 

O BBB pretende submeter seus novos critérios ao grupo de trabalho federal. O período de discussão pública do projeto acaba hoje. Leibowitz, da FTC, disse que o grupo de trabalho "deveria considerar cuidadosamente" as novas diretrizes da indústria, "assim como outros comentários de envolvidos, enquanto desenvolvemos as recomendações finais exigidas pelo Congresso".

 

Veículo: Valor Econômico

 


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