Déficit do setor têxtil cresce 43% até junho

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Pressionada pelo avanço das importações, principalmente provenientes da China, a indústria têxtil e de confecção encerrou o primeiro semestre com déficit no patamar de US$ 2,260 bilhões, um avanço de 43,2% frente ao déficit registrado no período de janeiro a junho do ano passado.

 


Segundo dados divulgados ao Valor pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), as importações somaram US$ 2,966 bilhões, frente aos US$ 2,253 bilhões verificados um ano antes. A entrada de produtos têxteis estrangeiros no Brasil marcou, deste modo, um crescimento de 31,7%. As exportações, por sua vez, subiram apenas 4,7%, para US$ 706,3 milhões.

 

"Nosso déficit caminha para o patamar de US$ 5,5 bilhões a US$ 6 bilhões em 2011. O mercado interno brasileiro está sendo entregue para a China", afirma o presidente da Abit, Aguinaldo Diniz Filho. No ano completo de 2010, o déficit da indústria alcançou US$ 3,5 bilhões.

 

Em termos de volume, a balança comercial do setor têxtil ficou deficitária em US$ 449,8 mil toneladas, um aumento de 8,3% frente ao primeiro semestre de 2010. O volume de importações somou 587,9 mil toneladas, alta de 5,4%, enquanto as exportações totalizaram 138,1 mil toneladas, com recuo de 3,2%.

 

Os números negativos da balança comercial do setor tem sido acompanhados pela queda na produção. Dados da Abit revelam que, de janeiro a maio, a produção na indústria de vestuário e confecção recuou 0,35%, enquato o segmento têxtil apresentou perda de 11,9% na produção.

 

Mas os resultados do varejo de confecção não seguem o mesmo caminho. Nos cinco primeiros meses do ano, esse segmento na ponta do consumo avançou 6,86%. A continuidade no crescimento da demanda final mostra que a queda na produção da indústria têxtil não tem necessariamente correlação com possível desaceleração do consumo total no país - diante das medidas de controle inflacionário adotadas pelo governo.

 

"Os produtos chineses estão substituindo os nacionais, claramente", conta Diniz Filho, enfatizando que as empresas estão ajustando a produção à queda na demanda por produtos brasileiros.

 

Os efeitos no emprego também têm sido fortes. Ao todo, o setor emprega 1,7 milhão de funcionários diretos. Entre janeiro e maio, foram criados 16 mil novos empregos, enquanto no mesmo período do ano passado, tinham sido criadas 45 mil novas vagas.

 

Há expectativas de que a situação do setor, por outro lado, possa melhorar. O governo está prestes a divulgar um pacote de medidas de incentivos fiscais para a indústria brasileira, que incluirá os setores mais abalados pelas importações e pela queda na competitividade.

 

Desse pacote, a Abit espera principalmente uma redução da carga tributária na folha de pagamentos e menores encargos sobre investimentos e exportações. "Esperamos uma política de fortalecimento da confecção, que é o elo mais fraco da cadeia", afirma Diniz Filho. Ele destaca, no entanto, que se preocupa com a burocracia das medidas. "Esse é o terceiro plano desde o governo Lula. Tem que ser pouco burocrático", completa.

 

O executivo espera uma recuperação do setor no segundo semestre. Para 2011, as projeções da Abit apontam para leve queda no faturamento que, no ano passado, somou US$ 90 bilhões.

 


Veículo: Valor Econômico


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