Preços do café continuam em queda

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Após recuo de 6,38% em junho, os preços do café arábica apresentaram novas quedas entre os dias 1º e 19 julho, em conseqüência do avanço dos trabalhos de colheita em Minas, que foram beneficiados pelo clima. No intervalo, foi registrada retração nos valores pagos pelo café produzido no Sul do Estado, de 10,5%, e no Cerrado, onde a queda foi de 10,2%. Mesmo com a redução dos preços, o grão acumula alta próxima a 56%, se comparados aos preços praticados no mesmo período de 2010.

 

Segundo colaboradores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), as fortes baixas estão atreladas ao bom andamento da colheita da variedade no país. Assim, as cotações não têm força para reagir. É preciso considerar, no entanto, que os patamares ainda se mantêm elevados, já que a demanda pelo grão permanece firme. No mesmo período da safra passada, o produto era comercializado em torno de R$ 320.

 

Na região do Cerrado, o café mineiro foi comercializado em 19 de julho a R$ 451,77 a saca de 60 quilos. Em 30 de junho, ela estava cotada a R$ 503,07. Uma queda, portanto, de 10,2%. No acumulado de junho, o preço médio da saca na região ficou em R$ 515,78.

 

Já no Sul do Estado, principal região produtora do grão do país, a saca de 60 quilos foi negociada a R$ 442,49 em 19 de julho, valor 10,5% inferior ao preço praticado no início do mês, que era de R$ 494,46.

 

A queda nos valores de comercialização da saca é explicada pelo aumento da oferta no mercado interno. Porém, a expectativa é de que os preços se mantenham valorizados, com tendência futura de aumento. A alta poderá ser impulsionada pelos estoques mundiais baixos e pela demanda crescente pelo produto.

 

Segundo a análise do Cepea, desde junho os vendedores negociaram apenas o necessário para cobrir os gastos com a colheita, isto por esperarem reação nos preços, enquanto os compradores aguardavam novas quedas.

 

No mercado internacional, a cotação do produto na Bolsa de Nova York, contrato de arábica com vencimento em setembro, fechou, em 19 de julho, em 243,85 centavos de dólar por libra-peso, queda de 435 pontos em relação a 15 de julho.

 

Geadas - Avaliando a evolução da safra, as geadas que atingiram as regiões produtoras de café no Sul de Minas, São Paulo e Paraná, no final de junho, não danificaram os grãos da safra atual.

 

Segundo o coordenador de desenvolvimento técnico da Cooperativa Regional de Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), Mário Ferraz de Araújo, apesar das geadas em Minas não terem sido de grandes proporções, os possíveis impactos poderão incidir sobre a temporada 2012/13. Até o momento, os efeitos ainda não foram apurados com precisão. Não se sabe se eles se restringiram às folhas, sem atingir as ramas, onde ficam os grãos a serem colhidos.

 

"A geada queimou parte das folhas dos cafezais. Devido a este fator, a tendência é de que a planta, em vez de utilizar os nutrientes para a fixação das floradas, prevista para meados de setembro, concentre as forças na reposição das folhas perdidas, o que pode resultar em menor produtividade", expolica Araújo.

 

Em relação à qualidade dos grãos da temporada 2011/12, o clima foi favorável para a cultura e a estimativa é de que os grãos tenham qualidade superior à safra 2010/11. De acordo com o levantamento do Cepea, o número de grãos verdes por lote já diminuiu, e a bebida, de modo geral, foi dura ou melhor, o que foi proporcionado pela florada quase uniforme no segundo semestre de 2010.

 

A produção de café arábica em Minas, de acordo com levantamento de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), está estimada em 21,848 milhões de sacas na safra 2011/12. Devido à bianualidade negativa da cultura, está prevista redução na produção cafeeira de 12,03%, em relação ao volume obtido na safra anterior. A produtividade média do Estado atingiu 22,18 sacas por hectare. A produção total, incluindo conilon, será de 22,124 milhões de sacas beneficiadas, com queda de 12%. Minas reponde por cerca de 51% da produção nacional.

 

O relatório do Cepea mostrou também que a safra mundial de arábica será menor. O United States Department of Agriculture (Usda) estima para 2011/12 colheita de 135 milhões de sacas, 2,2% abaixo da temporada anterior, que teve produção de cerca de 138 milhões de sacas. O menor volume é confirmado pela Organização Internacional do Café (OIC), que estima produção global em 130 milhões de sacas, 2,3% inferior à da safra 2010/11.

 

A queda na produção é atribuída à bianualidade negativa da produção brasileira. Para o Brasil, especificamente, o USDA indicou que a produção de arábica deve ser de 34,7 milhões de sacas, volume superior ao previsto pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de 32,18 milhões.

 

Na Colômbia, o aumento é estimado em 1 milhão de sacas, atingindo 10,5 milhões. Os altos preços do grão, atrelados aos incentivos dados pelo governo colombiano, motivaram investimentos na cultura. Na Indonésia, contudo, a produção deve cair 15%, para apenas 7,9 milhões de sacas. Com estes números, a Colômbia recupera a terceira colocação no ranking mundial de produção, atrás do Brasil e do Vietnã.

 


Veículo: Diário do Comércio - MG


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