Quebra na produção nos estados do Sul do país pode garantir preço melhor aos mineiros nesta entressafra
A temporada é de colheita de bons resultados para a pecuária leiteira. O período de entressafra na Região Sudeste e o excesso de chuvas no Sul do país poderão favorecer o produtor de leite de Minas Gerais. A avaliação é do superintendente de Política e Economia Agrícola da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), João Ricardo Albanez.
Segundo ele, o mercado já vinha passando por uma redução na oferta em função do período seco que Minas atravessa. Com o excesso de chuvas prejudicando a produção nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina (segundo, terceiro e quinto principais estados produtores, respectivamente), a conjuntura favorece ainda mais o pecuarista mineiro, que está obtendo melhor remuneração pelo litro do leite no período de entressafra, neste ano.
A Região Sul é responsável por uma produção anual aproximada de 8,9 bilhões de litros, que correspondem a 31% da produção nacional. Uma quebra na produção desses estados reflete na oferta e, consequentemente, no preço pago ao produtor de Minas Gerais. “É uma oportunidade para o produtor mineiro abastecer o mercado, além de ampliar a sua rentabilidade, considerando a importância da cadeia produtiva mineira no contexto nacional”, explica o superintendente. Minas é o principal estado produtor de leite do país e responde sozinho por 27% da produção nacional.
De acordo com levantamentos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), os produtores receberam, no mês passado, R$ 0,71 pelo litro. Já neste mês, a previsão é de que o preço médio pago ao pecuarista fique em torno de R$ 0,80/litro. Se confirmada a projeção, a alta seria de aproximadamente 13% em relação ao valor praticado em julho.
O diretor-superintendente da Cooperativa Central Minas Leite, José Américo Simões, confirma a tendência. A avaliação que ele faz é que o mercado passou por um momento de recuperação nos preços pagos ao produtor até meados de abril, passando em seguida por um período de estabilidade e, atualmente, passa por aumentos pontuais. A cooperativa engloba a produção de 187 municípios das regiões Sul e Sudoeste de Minas Gerais. “No período de um ano, verificamos uma redução de 11% no volume de produção e crescimento de 15% no preço médio do litro pago ao produtor”, afirma. Mas os custos subiram cerca de 20% em 12 meses, segundo alerta o assessor técnico do Programa Estadual da Cadeia Produtiva do Leite (Minas Leite), Rodrigo Puccini Venturin, a partir de análise de estudos da Embrapa Gado de Leite.
Veículo: O Estado de Minas