Variação cambial já gera elevação em índice de preços no atacado

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O peso da variação cambial prevaleceu sobre a inflação brasileira em outubro, medida pelo Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), apurado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Entre 21 de setembro e o dia 20 deste mês, a inflação foi de 0,98%, acima do 0,11% de setembro. Conforme a FGV, a queda nos preços internacionais de commodities contribuiu para reduzir a pressão de alguns itens, mas prevaleceu o efeito altista do câmbio, que nesse intervalo variou 16,06%. 

 

A expectativa de economistas é que o IGP-M de novembro apresente alta de 0,4% a 0,7%, já que nos últimos dez dias do mês o dólar estabilizou-se em R$ 2,10 (desde o dia 21 o câmbio recuou 0,98%). "O câmbio mantendo-se nesse patamar e a continuidade do ciclo de queda das commodities devem provocar desaceleração nos preços industriais", diz o economista-chefe da SLW Asset Management, Carlos Thadeu de Freitas Gomes Filho. 

 

Na decomposição do IGP-M de outubro, o efeito da variação cambial ficou evidenciado nos preços industriais. O Índice de Preços por Atacado (IPA), que representa 60% do indicador, subiu 1,24%, após uma alta de 0,04% em setembro. O grupo de produtos agropecuários subiu 0,48% em outubro, ante queda de 2,09% no mês anterior. O segmento de produtos industriais encerrou outubro com alta de 1,52%, após subir 0,84% em setembro. De acordo com cálculo da Rosenberg & Associados, o IPA industrial teve contribuição de 1,12 ponto percentual para o IPA e o agrícola participou com 0,13 ponto percentual. "O grupo industrial subiu menos porque boa parte das matérias-primas tem preços vinculados a contratos. No caso dos itens agrícolas, a absorção do preço internacional pelo mercado interno é mais direta", observou o coordenador de análises econômicas da FGV, Salomão Quadros. 

 

Conforme Quadros, a subida nos preços industriais foi reflexo direto do câmbio, como no caso do minério de ferro (13,89%) e da celulose (13,17%), que subiram no mercado interno, contrariando a tendência de deflação no mercado internacional. Entre os produtos agrícolas, observou, as altas mais significativas ocorreram em produtos que se encontram na fase de entressafra no Brasil e não são exportados - por isso, têm preço desvinculado do mercado externo. Foi o caso de arroz (5,14%), feijão (11,58%) e mandioca (28,97%). "A alta do IPA não foi generalizada. Algumas commodities tiveram desaceleração também no Brasil", ressalvou Quadros. Entre os itens que registraram arrefecimento estão o eteno, que recuou 3,29% em outubro, contra alta de 11,24% em setembro; o polietileno de baixa densidade, que teve queda de 1,68%, ante alta de 12,9% no mês anterior; e o grupo de produtos siderúrgicos, que subiu 0,51%, mas subia 3,03% em setembro. 

 

O economista da LCA Consultores Fábio Romão observou que tais desacelerações poderiam ter sido mais significativas não fosse a alta do dólar no período. Cálculo do núcleo do IPA industrial, que exclui as variações nos preços de alimentos e combustíveis, apontou aceleração, saindo de 1,24% em setembro para 1,68 em outubro. "Pelo menos dois fatores explicam essa aceleração. Uma delas é o câmbio e outra é a defasagem na absorção de preços externos pelo mercado interno", apontou Romão. A LCA estima que com a estabilização do câmbio no patamar de R$ 2,10 o IGP-M de novembro possa ficar em 0,67%. A SLW projeta alta próxima a 0,5%, com absorção da queda nos preços internacionais de soja, milho e trigo. 

 

O economista sênior do BES Investimentos do Brasil Flávio Serrano projeta para novembro alta entre 0,4% e 0,6%, mas com difusão do efeito câmbio sobre o varejo. Em outubro, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 0,25% (em setembro recuou 0,06%), tendo como principais fatores de pressão o grupo alimentação, que subiu 0,13% (ante queda de 1,04% em setembro) e vestuário, que subiu 0,9% e em setembro subiu 0,31% - nesse caso, alta sazonal por conta da mudança de coleções. Em novembro o IPC deve ficar mais alto, em 0,4%", prevê. Já o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que em outubro teve alta de 0,85%, tende a apresentar retração em novembro, com o repasse das quedas nos preços de metais para o varejo, avalia. 

 

Veículo: Valor Econômico


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