Olofsson nega que Carrefour recebeu proposta do Walmart

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Com o fracasso da fusão entre o Pão de Açúcar e o Carrefour, surgiram rumores de que o Walmart estaria negociando a compra da rede francesa no Brasil. Em visita ao País, entretanto, o presidente mundial da empresa, Lars Olofsson, rejeitou a hipótese da aquisição pelo grupo norte-americano e reafirmou: as operações brasileiras da companhia não foram postas à venda. - são paulo

 

Em reunião extraordinária com jornalistas brasileiros, o presidente mundial do Carrefour, Lars Olofsson, reafirmou ontem que a rede de supermercados não está à venda no Brasil. Ele disse que a história com o Walmart - que teria proposto a aquisição da subsidiária brasileira - é apenas um boato. A "coletiva" (exclusiva para seis veículos de comunicação) aconteceu no período da manhã no Instituto Carrefour, na capital paulista.

 

"Como CEO, ele [Olofsson] disse que tem de analisar propostas, mas que não recebeu nada do Walmart", contou ao DCI uma fonte que acompanhou o evento. A rede norte-americana passou a ser vista como potencial compradora das operações brasileiras do Carrefour desde o malogro da tentativa de fusão entre a companhia francesa e o Grupo Pão de Açúcar (GPA).

 

Para Olofsson, "a fusão era uma boa proposta", segundo a fonte. No encontro de ontem, o presidente do Carrefour deixou claro que está aberto a negociações que possam melhorar o desempenho da rede no País, o que não significa que abriria mão, com uma ação de venda, do controle da subsidiária brasileira. Talvez porque os resultados comerciais da companhia, enquanto caem na França, só crescem no Brasil. (vide infográfico)

 

Olofsson desembarcou no País na segunda-feira para cumprir uma curta agenda, encerrada ontem à tarde. Os motivos da visita, de acordo com o Carrefour: acompanhar os projetos nacionais, reunir-se com diretores e gerentes e comentar os resultados positivos da companhia no Brasil, onde as vendas cresceram 10,2% no segundo trimestre deste ano, em relação a 2010.

 

A restrita reunião com agentes da imprensa foi organizada pela agência de publicidade MSL Andreoli - ligada à Publicis, que faz propagandas internacionais para o Carrefour -, da qual uma fonte afirmou ao DCI que Olofsson está otimista com a subsidiária brasileira, e portanto não pretende entregá-la a concorrentes.

 

Outras possibilidades

 

Apesar das afirmativas do presidente do Carrefour, segundo as quais as operações brasileiras da companhia não estão à venda, especialistas consultados pelo DCI aventaram hipóteses sobre a visita do executivo francês ao País. A primeira delas considera que Olofsson teria intenção de efetivar a venda do grupo francês para a rede Wallmart - ideia rejeitada por ele próprio.

 

A segunda especulação trata-se de que Olofsson travaria negociações com o presidente do conselho de administração do Pão de Açúcar, Abílio Diniz. A partir disso, o empresário brasileiro seria transferido para uma nova empresa, criada em parceria com a rede francesa e outros sócios minoritários. "Talvez esse seja o grande objetivo de Diniz, caso não consiga passar o bastão do Casino para a frente", aposta um professor de economia que pediu para não ser identificado.

 

Vale lembrar que o grupo francês Casino, sócio de Diniz no GPA, posicionou-se fortemente contra a proposta de fusão entre a rede Pão de Açúcar e o Carrefour. A posição contrária, inclusive, fez o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desistir do apoio ao projeto e causou o fracasso do mesmo.

 

Ontem, em sua página no Twitter, Diniz voltou a defender a união das operações do Pão de Açúcar com o Carrefour. Ele disse que o negócio é "ganha-ganha" para as empresas do País.

 

O terceiro cenário levantado pelos especialistas - e o mais próximo da realidade - é o da tentativa de Olofsson de estancar rumores a respeito de uma possível venda da subsidiária brasileira do Carrefour. Além disso, o presidente estaria tentando estabelecer diretrizes para o quadro brasileiro, com o objetivo de acalmar o ânimo de diretores, suscitado pelos boatos relativos ao Walmart.

 

"O que não se pode é deixar uma sensação de que não há um caminho a ser seguido, que não existe um controle da situação", observou a fonte.

 

Walmart: resultados

 

Em âmbito global, o Walmart é o principal concorrente do Carrefour. Considerada a maior varejista do mundo, a rede norte-americana lucrou US$ 3,8 bilhões no segundo trimestre deste ano. Houve, portanto, um crescimento de 5,7% do faturamento, ante os US$ 3,6 bilhões contabilizados no mesmo período do ano passado. A receita da empresa, enquanto isso, aumentou 5,4%, para US$ 109,37 bilhões. As vendas internacionais tiveram alta de 16% no trimestre.

 

No país que sedia o Walmart, os Estados Unidos, a atividade comercial da rede evoluiu 1,8%. No critério de lojas comparáveis, excluindo-se a categoria de combustíveis, as vendas nos EUA caíram 0,9% nas lojas de marca Walmart e avançaram 5% nas unidades de marca Sam's Club. Os resultados comerciais foram divulgados ontem pela companhia.

 


Veículo: DCI


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