Após anunciar a criação de um formato de lojas só para mulheres, a varejista Riachuelo também se prepara para abrir pontos para atender o público de alta renda. A rede planeja inaugurar a primeira Riachuelo premium no próximo ano. Já existe uma negociação com um grupo de shopping centers voltado para a classe A para a abertura do primeiro ponto, conta Flávio Rocha, presidente da cadeia de varejo.
"Serão lojas com uma série de serviços e atendimento personalizado. Da iluminação ao desenho do projeto, tudo seguirá um conceito de modernidade", diz ele. Com 129 lojas no país, a Riachuelo tem registrado altas fortes em vendas, lucro e rentabilidade ao longo do ano. No segundo trimestre, o lucro líquido teve crescimento de 71%. De janeiro a junho foram investidos quase R$ 150 milhões em abertura e reforma de pontos de venda.
A estratégia é uma forma de reagir ao aumento no número de shoppings voltados para o consumidor de alta renda nas capitais. As varejistas já perceberam que não é possível fazer uma migração direta do atual formato de loja para esses empreendimentos para a classe A. "Simplesmente não dá para copiar o modelo de um shopping para o outro. Se não gerar o mínimo de identificação com o público, não dará certo", diz Claudio Felisoni, coordenador do Provar - Programa de Administração do Varejo da Fundação Instituto de Administração (FIA).
Rocha não deu detalhes a respeito do plano de abertura do novo formato. Segundo o Valor apurou com fontes do mercado, já teria sido discutida a possibilidade de inauguração de um ponto premium no novo JK Iguatemi, do empresário Carlos Jereissati. O Shopping Iguatemi São Paulo, também do grupo Jereissati, já opera com uma loja conceito da C&A, que reabriu o ponto em outubro de 2010, e atende o público de alta renda do local. A Renner não opera com esse conceito.
De acordo com consultores, essa segmentação de modelos de loja no varejo reflete o movimento de maior estratificação social no país. "Novas camadas econômicas foram sendo criadas e se consolidaram. Modelos de comportamento mudaram também. Há uma divisão de classes muito maior hoje, que exige modelos de varejo variados ", diz Felisone.
A possibilidade maior é que essas lojas premium acabem atendendo uma faixa de renda mais ampla. "Ainda não há dados palpáveis no setor que mostram quem é exatamente o público de uma C&A no Iguatemi, por exemplo. É a rica que sempre vai ao shopping ou a consumidora classe média que trabalha ou só passa pela região? Acho que é isso tudo isso misturado". diz Antonio Marques Moreira, sócio da ConsultingRetail.
Existe nesse projeto a busca por uma operação com margens de retorno maiores nesses formatos de lojas. É que nesses pontos de venda a parcela de produtos que entram na categoria P3 (jargão do mercado para itens com preços mais altos) é sempre maior. Segundo cálculos da Alshop, associação de shoppings, as classes C e D gastam em média entre R$ 50 e R$ 70 quando vão ao shopping, enquanto as classes A e B têm um desembolso médio entre R$ 200 e R$ 250.
Veículo: Valor Econômico