Com caixas e cartelas de remédios na mão, o bombeiro hidráulico Dirceu Gomes de Alckmin não tem dúvidas. “Antes pegávamos no posto médico, mas agora não compensa. É melhor gastar o dinheiro e garantir que vamos resolver direito os problemas de saúde que possam aparecer”, diz o pai de dois adolescentes, que mora com a família no Bairro Jardim Comerciário, de Venda Nova, em Belo Horizonte. Dirceu representa a tendência que aquece as expectativas do setor farmacêutico, a partir do aumento da classe C no país.
“Este ano esperávamos crescer inicialmente 10%, e já revimos essa meta para 15%. Medicamento vira prioridade assim que o poder de compra aumenta”, acredita Edison Tamáscia, presidente da Federação Brasileira das Redes Associativas de Farmácias (Febrafar). A classe C representa, de acordo com a federação, aproximadamente 42% do consumo de medicamentos.
E as estimativas do setor seguem de vento em popa. Nem o cenário incerto da economia internacional parece ser balde de água fria. “Neste primeiro momento não teremos desaceleração da economia. Pode haver perda e desvalorização das empresas que têm capital na bolsa, mas o desaquecimento não é imediato. Não acredito que o varejo será afetado”, comenta o presidente da Febrafar. O crescimento, em comparação com 2009, é de 18%. “Há quatro anos crescemos o dobro do PIB e a tendência é que, em 2015, as pessoas gastem 20% mais com medicamentos que hoje”, diz Tamáscia.
Enquanto o mercado de medicamentos de referência protegidos diminuiu cinco pontos percentuais nos últimos cinco anos, o de genéricos cresceu dois pontos. Ao mesmo tempo, estima-se que a classe C represente 42% do consumo de medicamentos. “É um mercado que ainda tem muito a crescer, se compararmos com outros países, como os Estados Unidos, mas o aumento do consumo já chama a atenção. Em cinco anos, o mercado no geral cresce 18%; o de genéricos vai a 38%”, destaca Waldir Eschberger Júnior, da EMS, a maior empresa de capital exclusivamente brasileiro no segmento de genéricos. Em Minas, as vendas da EMS cresceram 60% no último ano; no Brasil, a média é de 30%. Trabalho focado na classe C é a estratégia da Medley, a líder no setor, no Brasil, para expandir os negócios, de acordo com Messias Cavalcante, gerente de marketing da fabricante.
Veículo: O Estado de Minas