Dori investe no nordeste para crescer 13,5%

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Tentar reduzir a alta carga tributária, principalmente com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Esse foi o objetivo da Dori Alimentos ao investir pouco mais de R$ 1 milhão em um novo centro de distribuição em Maceió, na capital de Alagoas. Com isso, a fabricante nacional de produtos a base de amendoim, chocolates, balas e snacks espera um incremento em torno de R$ 36 milhões em suas operações no nordeste.

 

"Os incentivos fiscais foram negociados diretamente com o governo de Alagoas, principalmente a redução no ICMS", afirma o presidente da companhia, Carlos Barion. Ele acrescenta que outros fatores foram fundamentaram para a decisão, especialmente atender melhor a demanda crescente dos estados da Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe, bem como a otimização dos estoques, com giro médio de 10 dias.

 

"Apresentamos nossas condições a três estados da região e escolhemos aquele que melhor atendeu", afirma Barion. A diferença no custo de transporte dos produtos da fábrica no sudeste para o centro de distribuição em Maceió é compensado pelos incentivos que foram acordados. segundo o executivo.

 

Na opinião do professor do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), Felipe Leroy, a diferença do ICMS oferecido entre os estados é muito grande. Assim diversos fabricantes preferem instalar novas plantas ou levar as existentes para o nordeste, pagando menos impostos, tornando-se mais competitivos, ao passo que podem formatar seu produto com um preço menor.

 

"Fora isso, é preciso ficar atento a questão do menor custo com mão-de-obra, doação de terrenos e infraestrutura, e melhorias em estradas da região", diz Leroy.

 

Para Barion, a perda de competitividade dentro do próprio Estado de São Paulo, onde ficam duas das plantas da companhia além de um centro de distribuição, faz com que os investimentos migrem, cada vez mais, para outras regiões do Brasil.

 

Estratégia

 

Segundo o presidente, o novo centro faz parte do objetivo de crescer 13,5% a mais que o ano passado, quando a fabricante atingiu cerca de R$ 429 milhões de faturamento.

 

Ainda conforme o executivo, o novo espaço de Maceió (AL), que movimentará 600 toneladas de produtos por mês, integra a política de direcionamento de investimentos em busca do aumento de 36% para 47% da participação da fabricante de alimentos junto ao varejo brasileiro.

 

A empresa possui três plantas, sendo duas em Marília, uma específica para produção de itens a base de amendoim, e uma onde são fabricados chocolates e jujubas, e outra planta em Rolândia no interior do Paraná, onde são produzidos chicletes, pirulitos e balas. Cabe lembrar, que o Brasil é o terceiro produtor mundial de chocolates, superado pelos EUA e Alemanha, e o maior mercado para chocolates, balas e confeitos do Mercosul, com uma estimativa de consumo de US$ 9 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab).

 

Exportações

 

A participação das vendas para o exterior devem sofrer uma redução de 18% para 13%, segundo a fabricante, que espera produzir cerca de 95 mil toneladas.

 

O executivo observa que tanto a situação da economia dos EUA - principal potência da América do Norte, responsável por mais de 30% do que é vendido para exterior - como a elevação dos preços de commodities como o açúcar tem dificultado a competitividade de seus produtos no mercado internacional.

 

"Essa elevação do custo de nossos insumos também afeta o mercado interno. Por isso, em junho a empresa teve de repassar este aumento para o preço final", comenta Barion.

 

Outra questão importante, segundo o presidente da Dori, é a desvalorização do dólar frente ao real, "que prejudicou em muito o desempenho no exterior".

 

Segundo o executivo, a fabricante de alimentos tenta equilibrar essa situação mediante negociações contratuais, que podem ser feitas com até 18 meses de duração, de acordo com um câmbio pré-determinado.

 

A boa notícia fica por conta do provável término do conflito com o governo da Argentina, que há 15 meses impõe barreiras comerciais para entrada dos produtos brasileiros em seu território. O País é responsável pela maior parte dos 27,49% dos produtos exportados para América do Sul.

 

"Além disso, temos perdido competitividade nas exportações para o continente africano [21% do total], por conta dos produtos vindos da Índia. Isso sem falar nas falsificações feitas no País asiático", disse o executivo.

 

A saída pelo Porto de Suape só fará sentido no dia que a empresa possuir uma planta manufatureira instalada na região, conforme o presidente da Dori.

 

"Atualmente, utilizamos o Porto de Santos e o de Paranaguá. Já as vendas destinadas a países como Uruguai e a Argentina seguem pelo modal rodoviário", concluiu Barion.

 

Veículo: DCI


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