Mais preocupados com o valor das parcelas do que com as taxas de juros, os consumidores continuam recorrendo ao cartão de crédito
Apesar dos juros mais altos, os consumidores continuam usando o cartão de crédito, segundo a pesquisa "Balanço do Crédito do Comércio Lojista" de junho, divulgada ontem pela Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio Minas). Entre as vendas a prazo no varejo de Belo Horizonte, 73% foram pagas com "dinheiro de plástico". Crescimento de dois pontos percentuais na comparação com maio e de oito pontos percentuais em relação ao mesmo mês do ano passado.
Para a coordenadora do Departamento de Economia da entidade, Silvânia de Araújo, o crescimento do uso do cartão de crédito não passou pela análise dos juros praticados. "O consumidor brasileiro não tem educação financeira. Não está atento às taxas. E sim ao valor das parcelas", explica.
A sondagem considerou como venda a prazo todas as operações com cartão de crédito, até mesmo as pagas em única parcela. Esses consumidores que usam o cartão de crédito sem parcelamento foram minoria e representaram apenas 1,7% das operações. A maioria foi feita em seis vezes (27%), seguida pela divisão em três (22%), quatro (17%) e 10 vezes (13%).
Na análise da Fecomércio Minas, a oferta de crédito garantiu o desempenho do comércio no período
Segundo pesquisa da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), divulgada recentemente, a taxa média de juros para pessoa física passou de 6,80% ao mês em junho para 6,84% em julho. A elevação seria reflexo das medidas macroprudenciais dotadas pelo Banco Central para combater a inflação, como a elevação da Selic.
Proteção - Em alta entre os consumidores, por dividir as compras e oferecer pacotes de benefícios, o cartão também tem a preferência dos lojistas. Apesar das altas taxas de manutenção, que variam entre 3% e 5%, cobradas sobre as vendas, os comerciantes ganham evitando a inadimplência.
O atraso nos pagamentos levou o comércio a rejeitar o cheque pré-datado. Apenas 23% das empresas consultadas trabalhavam com este tipo de crédito, menos do que em maio (26%) e do que em junho de 2010 (33%). Perguntados sobre as ações implantadas para evitar o calote, 63% dos entrevistados disseram não aceitar cheque a prazo, seis pontos a mais do que no mês anterior.
O pré-datado somou 17% das operações em junho, dois pontos percentuais a menos do que maio. A quantidade de cheques sem fundo apresentou leve redução: 2% deles, recebidos como pagamento a prazo, foram devolvidos. Um ponto percentual a menos do que maio, e um ponto a menos do que junho de 2010.
Na análise da Fecomércio Minas, a oferta de crédito garantiu o desempenho do comércio no período. Considerando todas as modalidades, a venda a prazo representou 65% da receita do varejo de Belo Horizonte em junho. Percentual dentro do esperado, que normalmente oscila entre 60% e 70%.
Veículo: Diário do Comércio - MG