A indústria de material escolar já se prepara para a volta às aulas de 2012. A meta do setor gráfico para este ano é crescer 3% sobre o faturamento de R$ 29,7 bilhões alcançado em 2010 e, assim, compensar o baixo desempenho das exportações do setor, conforme dados da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf). Para isso, os fabricantes lançam mão de novas linhas, sejam elas próprias ou de produtos licenciados.
O principal fator limitante do crescimento dos fabricantes de material escolar e papelaria, entretanto, é o péssimo momento vivido nas exportações, tanto pela desvalorização mundial da moeda norte-americana quanto pelo chamado custo Brasil. Segundo o presidente da Francal Feiras que organiza a Office Paper 2011 (feira do setor que está em sua 25ª edição), Abdala Jamil Abdala, o momento leva a maioria a priorizar o mercado nacional. "A saída para indústria nacional é a criatividade. Além disso, existe o licenciamento, que já faz parte das atividades do segmento", acrescenta Abdala.
De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), no primeiro semestre de 2011 as exportações brasileiras de produtos gráficos totalizaram US$ 130 milhões, representando aumento de apenas 0,4% comparado com o mesmo período do ano anterior. As importações totalizaram US$ 233,6 milhões, aumento de 45,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os dados indicam déficit de US$ 103,6 milhões, o que representa aumento de 234% do saldo negativo da balança comercial do segmento.
O segmento de cadernos, sozinho, foi responsável pela exportação de US$ 13,7 milhões, uma queda de 14% em relação às vendas para o exterior no primeiro semestre de 2010, conforme o MDIC. Apesar disso, para a Abigraf, o mercado interno deve crescer no segundo semestre, puxado pela produção da indústria de cadernos, responsável por 3,5% do faturamento do setor.
Fabricantes
Um exemplo dessa contradição entre desempenho do mercado nacional e das exportações é o grupo Bignardi. Fabricante da tradicional marca Jandaia de cadernos e distribuidora oficial do papel Chamex para escritórios, a companhia encerrou 2010 com faturamento de R$ 410 milhões e espera um crescimento de 20% nas vendas de caderno para o mercado interno. A empresa acredita que as exportações, responsáveis por 25% do volume produzido, fiquem praticamente estagnadas, conforme o diretor de Marketing, Ivan Duckur Bignardi.
"O mercado norte-americano, responsável pela maioria de nossas exportações, passa por mudanças. Com a desvalorização do dólar, passamos a enfrentar a concorrência dos asiáticos, mexicanos e das indústrias locais que estão em recuperação", analisou Duckur Bignardi.
A companhia atua com diversos artigos licenciados, como a linha Max Steel e o Angry Birds, personagens saídos de desenhos e jogos populares da Internet.
"Contamos ainda com uma unidade de venda direta ao varejo, na cidade de São Paulo, como uma forma de diversificar nossos clientes", disse Bignardi.
Fabricante de cadernos com duas plantas na Região Sul do Brasil, a Credeal também confirma o momento do setor ao revelar que as exportações em 2011 deverão responder por apenas 6% da receita da empresa em vez dos 8% do ano passado segundo seu diretor-comercial, Ricardo Frederico.
"A empresa faturou R$ 190 milhões em 2010 e espera crescer 15% neste ano por causa do bom momento do mercado nacional", observou Frederico.
Segundo o executivo, entre as 58 coleções de produtos da Credeal, 60% são da marca própria e 40% com licenciamentos que vão desde personagens Disney, da fabricante de brinquedos Mattel, times de futebol, bandas de rock, marcas de roupas.
Frederico informa que o objetivo da Credeal é ampliar as vendas para utilizar toda sua capacidade produtiva de 80 mil toneladas por ano.
Distribuidores
Os distribuidores, importantes agentes dentro do segmento de materiais escolares e papelarias, também apostam no crescimento. A Summit, que detém quatro marcas próprias e distribui com exclusividade a Staedtler (fabricante alemã entre as líderes mundiais na produção de instrumentos para escrita) espera um crescimento de 20% neste ano, em comparação a 2010, conforme o diretor, Guilherme B. Catta-Preta.
"Para 2012, a expectativa é positiva por conta do aprimoramento das normas de qualidade do setor. Isso deve diminuir a participação do mercado informal neste segmento", avaliou Catta-Preta. Além disso, a empresa também optou pelo licenciamento como forma de estimular suas vendas no varejo. "Apesar dos royalties, a medida cria um maior valor agregado". O executivo relata ainda que as exportações da companhia respondem por apenas 3% e estão concentradas na América Latina.
Veículo: DCI