Conforme o levantamento, a matriz de transporte brasileira está 65% baseada no modal rodoviário
A falta de investimentos em infraestrutura no país é a principal causa do aumento dos custos das indústrias com logística. Este gargalo, aliado à queda da demanda interna e externa causada pela instabilidade do atual cenário econômico, está gerando impactos cada vez maiores nas empresas mineiras.
As transportadoras que atuam no Estado, por exemplo, já pisaram no freio e vão fechar o ano com resultados menos expressivos do que o previsto. As informações são do presidente da Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais, Vander Francisco Costa. Por outro lado, Costa enfatiza que o custo Brasil não afeta apenas o setor que ele representa, mas toda a cadeia produtiva brasileira. No entanto, o dirigente reconhece que os altos gastos com logística "neste momento de desaquecimento econômico" levam à queda da produção das empresas, fazendo cair a demanda por fretes.
"Muita gente está deixando de produzir no Brasil. A deficiência de infraestrutura é uma realidade há anos e obviamente não favorece os negócios. A demanda do setor caiu 6% em agosto e se continuar assim não vamos crescer o esperado. Vamos terminar o ano com faturamento no mesmo patamar de 2010", afirmou.
Segundo recente pesquisa do Instituto Ilos, 8,5% da receita das empresas brasileiras são gastos com logística, 1,1 ponto percentual a mais do total que era destinado para o mesmo fim em 2005 (7,4%).
Os custos com logística corresponderam a 10,6% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2010, o equivalente a R$ 391 bilhões, conforme o estudo. Para efeito de comparação, nos Estados Unidos, o montante gasto com logística corresponde a 7,7% do PIB americano.
Mágica - Para o diretor-geral da LID Consultoria, especialista em planejamento e gerenciamento logístico e de transportes, Luiz Carlos Paixão, não existe mágica: a única forma de reduzir os custos nos transportes no Brasil é investindo em infraestrutura.
"Somos um país baseado no transporte rodoviário. Isso é ruim porque a malha está obsoleta e mal conservada. O ideal seria diversificar os modais, investindo em ferrovias, hidrovias e portos. Isso não é novidade e já vem sendo falado há muito tempo, mas o governo continua inerte", avalia.
A pesquisa divulgada na última segunda-feira endossa o que foi dito por Paixão. Conforme o levantamento, a matriz de transporte brasileira está 65% baseada no escoamento via rodovias. Nos Estados Unidos, o modal rodoviário corresponde a apenas 28,7% do transporte de produtos e mercadorias. Paixão defende que o governo repasse para a iniciativa privada os investimentos que não tem como arcar o mais rápido possível, já que a tendência é o cenário piorar no curto e médio prazo, em função do agravamento da crise na Europa e nos Estados Unidos.
"Há risco de apagão logístico, já que a situação tende a se agravar. Com o aumento dos custos logísticos, há um aumento do custo de produção o que sucessivamente leva ao aumento de preço dos produtos que são vendidos lá na ponta. Em um período de desaquecimento do consumo, isso é muito preocupante", ressaltou.
Veículo: Diário do Comércio - MG