País reduziu ainda mais a distância entre a produção maior e a menor. Expectativa é de que produtores continuem apostando em renovação das áreas
O Brasil pode colher uma safra recorde de café em 2012/2013, ultrapassando a casa das 50 milhões de sacas de 60 quilos do produto. A previsão de especialistas do setor considera a quantidade de áreas renovadas que estarão produzindo a partir do próximo ano, além de uma pequena expansão do cultivo. Enquanto isso, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou que a safra 2011/2012, que está sendo colhida, deve gerar 43,15 milhões de sacas ao País.
Os bons preços do café estão contribuindo para a expansão da produtividade brasileira, com o uso de tecnologias e melhores técnicas de cultivo. Além disso, muitos cafeicultores estão apostando na renovação de suas lavouras. Segundo o secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Manuel Bertone, ainda existe potencial para o crescimento da área de plantio do café no Brasil.
Apesar de o País verificar uma área em produção 1,2% menor na safra atual, a expectativa fica por conta das áreas em formação, no qual o incremento foi de 4,7%. Para Eledon Oliveira, técnico da área de avaliação de safras da Conab, ainda existem muitos estados no qual o café está perdendo espaço físico, como São Paulo, que rivaliza com a cana-de-açúcar, o eucalipto e as seringueiras. "Os estados que estão apostando mais em renovação são Espírito Santo, Minas Gerais e Paraná. Mas também existem estados que estão com muitas áreas antigas e lavouras sem produtividade, que acabam por trocar por soja, cana, ou eucalipto", comentou ele.
No Estado de São Paulo também existe uma previsão de áreas que passarão por renovação. "Como os preços estavam bastante atrativos nos últimos anos, algumas regiões apostaram na renovação da lavoura, como a região de Franca, onde estão sendo formados mais de 25 milhões de mudas, em uma área de 6,5 mil hectares. E se considerarmos isso na safra 2012/2013 teremos um pequeno aumento de área", frisou Celso Vegro, pesquisador científico do Instituto de Economia Agrícola (IEA), órgão ligado à Secretaria de Agricultura do estado.
Com essa previsão de investimentos e renovações, os mercados nacional e internacional estão de olho no clima, e no desenvolvimento da cultura nos próximos meses. Para o analista de mercado, Gil Barabach da Safras & Mercado, os produtores brasileiros estão mais maduros em relação ao mercado, e não irão cometer os mesmos erros do passado, elevando a oferta mais do que a demanda. "Desta vez os produtores acertaram no período. No ano passado eles ganharam muito dinheiro vendendo café, e essa renda a mais foi investida em suas lavouras. Então em 2012, além de uma safra de bianualidade alta, teremos lavouras muito bem tratadas e, se o clima colaborar, sem dúvida teremos uma produção fantástica", contou o analista.
"Se o clima for favorável para o café podemos até colher mais de 50 milhões de sacas, dado principalmente que muitas áreas renovadas já estarão produzindo", reiterou Eledon Oliveira, da Conab.
Para o pesquisador do IEA, está muito cedo para avaliar a próxima safra, mas se os bons preços continuarem e o clima ajudar, "certamente teremos uma safra recorde em 2012", garantiu Vegro.
Enquanto a nova safra não entra, a Conab divulgou a estimativa da safra atual, de bianualidade baixa. A produção brasileira de café no ciclo 2011/2012 está estimada em 43,15 milhões de sacas. Isso representa uma queda de 10,3%, ou 4,94 milhões de sacas aos 48 milhões do ciclo anterior. A redução é registrada devido à baixa bianualidade, característica da lavoura de café, que alterna anos de ciclo alto e baixo. "O Brasil tem respondido com rapidez, qualidade e preços competitivos às demandas do mercado internacional, o que tornou o País um fornecedor de confiança no mercado internacional", finalizou Bertone.
Para Gil Barabach, da Safras & Mercado, o mercado recebeu o número sem surpresa, e já volta suas atenções à próxima safra.
Veículo: DCI