Com um endividamento de R$ 250 milhões e um prazo curto para começar a pagar os grandes credores, a Casa & Vídeo fechou um acordo com a Polo Capital. A gestora de recursos passará a ser acionista da varejista de eletroeletrônicos do Rio. O investimento se dará por meio do fundo Austra Fip, administrado pelo BNY Mellon Serviços Financeiros.
Marcus Duarte, sócio da Polo Capital, informou que conhece Fábio Carvalho, presidente da Casa & Vídeo, há muito tempo, mas que as conversas mais concretas para o investimento começaram há cerca de três meses.
Duarte não quis revelar o montante aportado na rede. Afirmou que o valor de R$ 100 milhões, que teria sido usado para ficar com 50,1% da Casa & Vídeo, está errado. "Os números não são estes", afirmou, dando a entender que são menores. "Compramos a participação para ajudar a diminuir o endividamento da companhia", afirmou.
O sócio da gestora diz que a Casa & Vídeo está em um processo de virada. "Mas a situação da empresa é debilitada". Em 2008, a rede de lojas foi fechada pela Polícia Federal, acusada de sonegação fiscal de mais de R$ 100 milhões. Em 2009, passou por um processo de recuperação judicial que terminou em julho do mesmo ano, com a aprovação da reestruturação da dívida de R$ 280 milhões. Hoje, a dívida está em R$ 250 milhões, segundo Duarte, e em julho de 2012 começam a vencer as primeiras parcelas semestrais com os grandes credores. O grupo, que já chegou a ter mais de 100 lojas no Rio, hoje opera com 68 pontos.
Duarte diz que a empresa precisa da injeção de capital principalmente devido ao cenário internacional de retenção de crédito e redução de liquidez. "Estamos fazendo um investimento de médio e longo prazo e não temos ainda o cenário de desinvestimento à vista", afirma.
Apesar disso, o investidor acredita no futuro da companhia. "O cenário do Rio é ótimo e melhor que o brasileiro para a empresa", diz. "Temos uma retomada ainda mais alavancada em função da liberação das comunidades pela polícia", afirma, se referindo à ocupação de favelas antes dominadas pelo tráfico pelas Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) e ao aumento do consumo da classe C, foco da rede. A estratégia agora é abrir pequenas lojas nas comunidades pacificadas. A primeira foi aberta no Morro Dona Marta, em Botafogo.
Mesmo com o novo sócio, o atual presidente, Fábio Carvalho, será mantido no cargo. "Ele vem fazendo um excelente trabalho de recuperação da empresa", diz Duarte. Em nota, Carvalho informou que "o acordo marca mais uma etapa bem-sucedida no árduo processo de reorganização da empresa após a recuperação judicial. A parceria com a Polo nos proporcionará maior robustez para enfrentar novos desafios e sermos cada vez mais competitivos."
Veículo: Valor Econômico