As encomendas dos lojistas junto às indústrias de calçados mineiras, com o objetivo de atender à demanda do Natal, estão até 5% maiores do que as registradas no mesmo período do ano passado. De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias Calçadistas do Estado de Minas Gerais (Sindicalçados-MG), Jânio Gomes, a alta é resultado do bom desempenho da economia, com o aumento do nível de emprego e da renda do consumidor final.
"Além de a própria data ser bastante motivadora para o comércio e para a confiança dos empresários do varejo, ao longo da primeira metade deste exercício, em muitos momentos, quase atingimos o chamado pleno emprego na Capital. O somatório desses fatores acaba contribuindo de forma positiva para o desempenho da indústria", explica.
O presidente da entidade afirma que o volume produzido somente não será maior em função da escassez de mão de obra, que prejudica o setor desde o Natal do ano passado. "Neste sentido, estamos trabalhando em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), de forma a reverter a situação e preparar alguns profissionais para que assumam a produção já nos próximos meses", destaca.
Segundo Gomes, os pedidos para o Natal começaram a chegar no início do segundo semestre, com o lançamento da coleção primavera/verão, e serão fechados até outubro. Conforme ele, as últimas encomendas muitas vezes dizem respeito à reposição de estoque do comércio varejista. "Já as entregas normalmente começam em agosto e vão até a primeira quinzena de dezembro", explica.
Apesar do volume de pedidos estar até 5% maior na comparação com o ano passado, na média das indústrias do Estado, as empresas consultadas pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO, até o momento, apresentaram apenas estabilidade na mesma base de comparação.
Desaceleração - Na Luiza Barcelos Calçados, instalada no bairro São Francisco, na região da Pampulha, os pedidos começaram a chegar em julho e não apresentaram elevação em relação a igual época de 2010. Na opinião da sócia-proprietária da empresa, Luiza Márcia Aleixo Barcelos, os resultados já refletem os sinais de retração da economia, com a desaceleração do consumo. Apesar disso, ela destaca que a diretoria não foi pega de surpresa.
"Com as medidas de restrição do governo ao longo do primeiro semestre para conter a inflação e o consumo, nos planejamos para essa possível estabilidade. Além disso, a consideramos em até certo ponto positiva, pois se os lojistas efetuassem os pedidos em grande escala, a mercadoria poderia ficar encalhada no comércio", avalia.
De qualquer forma, Luiza Barcelos destaca que a data possui grande representatividade para os negócios da empresa e que, neste período, a produção aumenta cerca de 5% em relação às demais épocas do ano. Ao todo são fabricados mais de 30 mil pares por mês, levando-se em consideração o que é produzido na capital mineira e em outra fábrica, instalada em Campo Bom, no Rio Grande do Sul.
Segundo ela, os principais clientes da Luiza Barcelos estão nos estados de São Paulo e Minas Gerais. Juntos, os dois ficam com cerca de 40% da produção. Ao todo, a fábrica conta com 200 funcionários, dos quais 20 foram contratados para atender à demanda do período natalino.
Na Paula Bahia Amorim e Torres Ltda, com fábrica também no bairro São Francisco, na região da Pampulha, os pedidos começaram a chegar no fim do primeiro semestre e deverão ser entregues até o fim de novembro. Porém, de acordo com o proprietário da empresa, Rodrigo Bahia Amorim, os pedidos estão estáveis em relação aos recebidos em igual época do ano passado.
"Essa estabilidade nas vendas diz respeito ao desaquecimento da economia nos últimos meses e ao câmbio, que tem prejudicado nossas exportações. Ainda assim, nossa expectativa é de que as encomendas aumentem com a aproximação do Natal", explica. Para se ter uma ideia, em função da forte valorização do real frente ao dólar, que favorece as compras externas, os embarques da Paula Bahia caíram de 25% para 5% do total produzido.
Ao todo, a empresa fabrica cerca de 4,5 mil pares de calçados por mês no período que antecede a principal data para o varejo. Este volume é 25% superior ao registrado nas demais épocas do ano. E para atender ao aumento no número de pedidos, Amorim investe na terceirização de algumas etapas da produção. Atualmente, a Paula Bahia conta com 45 funcionários.
Veículo: Diário do Comércio - MG