Problemas na exportação de algodão à Ásia

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Os exportadores no Brasil estão tendo dificuldades para concluir contratos de venda de algodão ao mercado asiático por problemas no fluxo de pagamentos. A estimativa é que a questão envolva, neste momento, cerca de 150 mil toneladas da pluma, ou 20% do que o Brasil deve exportar em toda a safra 2010/11. A Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) acredita que os volumes não chegam a 10% dos embarques.

A Ásia é a principal região compradora do algodão brasileiro e, encabeçada pela China, também a maior exportadora global de têxteis. Em 2010, o bloco representou em torno de 90% do que Brasil embarcou no ano. O problema mais sério com pagamentos estaria ocorrendo apenas em Bangladesh, conforme Marcelo Escorel, presidente da Anea. "Nos outros países asiáticos, a questão é pontual", completou ele.

Mas, segundo uma fonte do segmento, de 20% a 30% das cartas de crédito de importação que deveriam ter sido emitidas no destino para entrega do produto em agosto, setembro e outubro não foram abertas. "Trata-se de um volume entre 150 mil e 180 mil toneladas de algodão que já devia ter sido embarcado", diz a fonte.

O CEO da Libero Commodities, Adrian Moguel y Anza, confirma que há uma incapacidade generalizada de fluxo de caixa na indústria de fiação na Ásia, provocada pela forte oscilação de preços entre o momento da compra antecipada do algodão e a data de entrega do produto. "Nossa estimativa é de que o volume seja perto de 20% das exportações", diz o executivo.

Há um ano, em setembro de 2010, a commodity valia em torno de US$ 1 a libra-peso na bolsa de Nova York. Diante de sinais de baixos estoques mundiais, os preços começaram a subir até superar US$ 2 a libra-peso em março deste ano. Muitas indústrias têxteis em todo o mundo, preocupadas com o abastecimento da matéria-prima, anteciparam-se e fecharam compras para entrega futura, deparando-se com preços elevados.

"Mas, desde então, as cotações recuaram fortemente, a demanda por têxteis caiu, e foi criado um problema generalizado de fluxo de caixa nessa indústria", explica o CEO da Libero, que deve embarcar de 10% a 12% de tudo o que o Brasil vai exportar no ciclo 2010/11. Segundo a Anea, os embarques da pluma estão previstos em 785 mil toneladas no atual ano safra. Em torno de 85% desse total deve seguir para a Ásia.

O presidente da Anea disse que o problema começou a ser identificado em julho, com o início dos embarques brasileiros da temporada. Agora, as exportadoras estão buscando escalonar as entregas em um prazo mais longo do que o previsto em contrato, de forma a "diluir" o impacto dos preços altos no caixa dos importadores.

Ele não acredita que o problema resultará em redução das exportações brasileiras da fibra. "Se as negociações não forem resolvidas, será encontrado um outro destino para as cargas. Algum volume que era para Bangladesh já está indo para a China", afirma Escorel, ressaltando que se trata de um volume inexpressivo.

A avaliação é de que a dificuldade na indústria têxtil não se restringe aos países asiáticos, mas passa por todo mercado mundial. Aqui no Brasil, representantes da indústria e dos produtores de algodão mantêm reuniões esporádicas para coibir quebra de contratos por causa da forte oscilação dos preços do algodão. Ontem, os futuros da pluma na bolsa de Nova York fecharam em leve queda, após terem recuado no limite de baixa na segunda-feira. Os contratos para dezembro encerram o pregão a US$ 1,0541 a libra-peso, desvalorização de 11 pontos.



Veículo: Valor Econômico


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