O café em grão acumula alta de 86% desde janeiro de 2010; o em pó, comercializado no varejo, subiu 10% até agosto. Após altas constantes, o café em grão perde força no mercado interno, mas o em pó ainda deve subir entre 15% e 20%.
"Esse reajuste do café em pó é necessário para que as indústrias cubram os custos acumulados nos últimos anos", afirma Américo Sato, presidente da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café).
Os reflexos dessa defasagem são a falta de caixa em muitas empresas e a consequente concentração no setor.
"Algumas empresas, devido ao PIS/Cofins e à escala de produção, têm tido alguma vantagem sobre as demais, mas a situação, no geral, é de calamidade", diz ele.
O aumento de preço não deve frustrar a expectativa de um consumo interno de 19 milhões de sacas neste ano porque o café ainda está "bastante barato", segundo o presidente da Abic.
A tendência hoje é a busca por qualidade no produto. Abic e Apas (Associação Paulista de Supermercados) querem oferecer uma escala de qualidade com preços diferenciados.
Houve crescimento de renda e os consumidores podem pagar mais, mas exigem um produto de melhor qualidade, diz Sato.
Os consumidores, acostumados com os preços do café praticamente estáveis nos últimos anos, vão ter gastos maiores a partir de agora. Os dados da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) já indicam alta de 3,5% nas últimas quatro semanas. O aumento deste mês deve ficar próximo de 4%.
Veículo: Folha de S.Paulo