Se não acabar com concentração de gás até sexta, shopping será interditado; Lar Center e Carrefour estão sob risco
Centro de compras também levou multa de R$ 2 milhões; direção diz que está resolvendo problema com metano
A Prefeitura de São Paulo deu um prazo de 72 horas, contadas a partir da manhã de ontem, para o Center Norte cumprir as exigências técnicas da Cetesb (agência ambiental paulista) sob pena de fechar as portas do shopping.
Além do centro comercial, poderão ser interditados pela prefeitura os vizinhos Lar Center (shopping de móveis do mesmo grupo comercial) e Carrefour (hipermercado), que aluga parte do terreno.
Os três empreendimentos da zona norte paulistana foram construídos sobre um antigo lixão, onde há atualmente altas concentrações do gás inflamável metano. Para a Cetesb, há risco de explosões.
Além de dar o ultimato, a prefeitura multou ontem o Center Norte em R$ 2 milhões.
A punição, diz o poder público, é pelo fato de até agora não existir um plano eficiente que dê conta de acabar com os riscos de acidentes.
O shopping disse ontem, por meio de nota, que tomará medidas "legais e administrativas" para evitar a interdição. Afirmou ainda que tem tomado todas as medidas a fim de garantir a segurança dos frequentadores -aproximadamente 100 mil por dia.
INSUFICIENTE
Os planos apresentados oficialmente aos órgãos públicos, porém, vêm sendo sistematicamente rechaçados.
O aval técnico que definirá se os locais serão ou não interditados caberá à Cetesb, de acordo com a prefeitura. A agência ambiental afirma que o shopping instalou até agora apenas um dreno para captar o gás metano.
O sistema em funcionamento, segundo a Cetesb, dá conta de uma parte muito pequena da região -mitiga o problema equivalente a apenas uma loja do shopping, que dispõe de 331 delas.
Seriam necessárias, portanto, centenas de máquinas como a que já está em funcionamento para abranger todo o terreno com problema, dizem os técnicos da Cetesb.
Shopping diz que tomará medidas legais para manter portas abertas
Donos de lojas afirmam não temer interdição; frequentador vê 'exagero' em perigo de explosões no local
A direção do shopping Center Norte informou ontem, via nota, que está "tomando as medidas legais e administrativas" a fim de evitar a interdição do local.
O centro de compras, um dos maiores da América Latina, afirmou ainda que "não concorda com a medida" divulgada ontem pela Prefeitura de São Paulo "uma vez que tem cumprido as exigências" dos órgãos públicos.
SEM PREOCUPAÇÃO
Lojistas do shopping diziam ontem não acreditar numa eventual interdição do local. "Eles [os proprietários do shopping] não vão deixar isso acontecer, com certeza vão entrar na Justiça", afirmou Fernanda Viana, proprietária da loja Pilhas & Cia.
A comerciante disse não temer o risco de explosão. Afirmou que a direção do Center Norte está dando assistência e esclarecimentos a lojistas.
"Eles vêm aqui quase todo dia, com engenheiros, para medir [a concentração de metano]. A gente confia nos laudos que nos apresentam."
Ela, porém, reclamou da "queda de 20% no movimento" desde a divulgação, há duas semanas, da elevação dos níveis de gás no interior do shopping pela Cetesb.
Já outros lojistas negam ter perdido clientes por causa do gás metano. "Nunca vi tão cheio quanto no último sábado", disse Renê Heiman, que há 28 anos mantém o quiosque Happy Baloon na praça central do shopping.
Assim como Fernanda, ele afirmou não temer explosões.
Frequentadores também disseram não ter medo. "Se houvesse um risco real, teriam fechado há muito mais tempo", afirmou o economista Eduardo dos Santos, 35.
O aposentado Francisco Viana, 68, não vê motivo para deixar de frequentar o local. "Essa história está um pouco exagerada", disse.
Veículo: Folha de S.Paulo