Calçadista transfere fábrica para o exterior

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Em meio a invasão de importados, indústria muda produção para países com mão de obra mais barata, como Nicarágua

Setor aproveita acordos comerciais dos EUA com países da América Central para vender ao mercado americano


Em meio a uma invasão de importados, a indústria nacional de calçados enfrenta dificuldades para manter empregos e até transfere sua produção para outros países.
Dois grandes grupos empresariais do Rio Grande do Sul, principal polo do setor no país, fecharam fábricas e levaram a produção para a Nicarágua e para a República Dominicana.

O objetivo é aproveitar acordos comerciais desses governos com os EUA e criar unidades voltadas ao mercado americano.
A Abicalçados (associação da indústria do setor) diz que outras dez empresas podem tomar o mesmo rumo.

A Argentina também recebe empresas brasileiras, que planejaram a mudança devido às barreiras para vender ao país vizinho.

O grupo Schmidt Irmãos, que tinha uma série de fábricas no interior gaúcho, transferiu a produção para a Nicarágua no ano passado.
O governo nicaraguense divulgou que o investimento da empresa brasileira será de US$ 25 milhões.

A unidade em uma zona franca da Nicarágua precisa receber até máquinas e insumos vindos do Brasil, devido à escassa estrutura industrial do país. Procurado, o grupo preferiu não se pronunciar.

MAIS ASIÁTICOS

Dona de marcas como a Ortopé, a empresa Paquetá, de 12.500 funcionários, fechou em agosto uma fábrica em Sapiranga (RS) e a transferiu para a República Dominicana.
Centenas de vagas de trabalho foram perdidas. A empresa disse que tomou a medida para "manter a competitividade industrial e continuar crescendo".

A valorização do real também influencia na decisão.

A federação dos trabalhadores do setor no Estado fala em risco de desindustrialização e diz que há debandada para locais que oferecem salários mais baixos.

A produção no acumulado do ano no país caiu. Até agosto, a exportação de calçados brasileiros recuou 25% ante o mesmo período de 2010. Enquanto isso, o volume de mercadorias importadas subiu 18%. A Indonésia quase dobrou suas vendas ao Brasil.

SOBREVIVÊNCIA

A internacionalização é uma questão de sobrevivência para as empresas, segundo a Abicalçados, que representa o setor no Brasil.

De acordo com o diretor-executivo da entidade, Heitor Klein, a indústria do ramo cresceu demais e repete no Brasil um fenômeno que já havia ocorrido anteriormente em países desenvolvidos: a procura por mão de obra mais barata.
"Quando uma região gera renda maior, ela tende a expulsar empresas. Na década de 50, por força do progresso nos Estados Unidos, na Alemanha e na Inglaterra, a indústria de calçados foi expulsa para países do Mediterrâneo, em uma primeira leva, e depois para Argentina, México e Brasil."

Klein afirma que a mão de obra nesse ramo é de "alto agregado" e acaba tendo um peso relevante na formação do preço da mercadoria.


Veículo: Folha de S.Paulo


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