O crescimento das exportações de uva, melão e manga no mês de setembro reverteu o até então inédito déficit da balança comercial de frutas do país, que nos primeiros oito meses de 2011 acumulou saldo negativo de US$ 43,8 milhões, conforme informou o Valor.

Ao todo, as exportações de frutas frescas renderam US$ 98 milhões em setembro, o que alimentou um superávit de US$ 52,9 milhões no mês, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pelo Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf). Com isso, o saldo no ano ficou positivo em US$ 10 milhões.

Uva, melão e manga representaram 81,1% do valor total dos embarques em setembro. Em volume, as três frutas responderam por 69% das 89 mil toneladas exportadas.

Apesar do crescimento das exportações e da reversão do déficit na balança de frutas, o resultado final entre janeiro e setembro de 2011 ainda é inferior ao registrado no mesmo período do ano passado, segundo o Ibraf. Nos primeiros nove meses de 2010, o superávit do setor foi de US$ 93,6 milhões.

No lado das exportações, o valor atingiu US$ 355,1 milhões até setembro de 2011, 1,7% acima dos US$ 349 milhões alcançados no mesmo intervalo do ano anterior. Já as importações somaram US$ 345,9 milhões neste ano, incremento de 35,4% sobre os US$ 255,4 milhões alcançados em 2010.

Não só o saldo, mas também o volume de frutas exportadas caiu em relação ao ano que passou. Nos primeiro nove meses de 2011, as vendas ao exterior chegaram a 417 mil toneladas, queda de 18% sobre as 508,9 mil toneladas verificadas no mesmo período do ano passado.

Para Maurício de Sá Ferraz, gerente da central de serviços de exportação do Ibraf, os resultados mais fracos devem persistir, ao menos até o fim do ano. "O resultado só não será pior se outras frutas tiverem uma retomada das exportação, coisa em que não acredito", disse Ferraz. Segundo ele, as dificuldades para exportar devem-se principalmente ao câmbio.

Entre as frutas que se destacaram na pauta de exportações de setembro, apenas a uva apresenta evolução frente ao ano anterior. Nos primeiros nove meses deste ano, as receitas com as vendas de uva ao exterior cresceram 12,4% sobre igual intervalo de 2010, enquanto em volume o incremento foi de 9,1%.

De acordo com o gerente do Ibraf, "com mais investimentos", os produtores de uva se "organizaram melhor e produziram variedades diferenciadas". Segundo Ferraz, há uma janela de exportação ao produto brasileiro nos EUA e na Europa. "Nossos concorrente, como o Chile, por exemplo, não tem uva nesse período", acrescenta. Com a chegada do inverno no Hemisfério Norte, as exportações de uva nacional tendem a ser ainda mais beneficiadas.

No caso da manga, o volume exportado diminuiu 8,6% em relação ao ano passado, apesar do crescimento de 10,2% das receitas com a venda da fruta ao exterior. "O valor só cresceu porque diminuiu a produção", afirmou Ferraz, para quem os produtores de manga foram desestimulados pelo câmbio apreciado e pelas quebras da safra do Vale do São Francisco nos últimos três anos.

O câmbio também colaborou para a queda das exportações de melão nos primeiros nove meses de 2011, segundo o Ibraf. No período, os embarques da fruta tiveram retração de 21,5% em volume e de 5,1% em valor.


Veículo: Valor Econômico