A apreciação acelerada do dólar frente ao real observada nas últimas semanas não foi suficiente para frear a demanda dos consumidores por produtos importados. Nos supermercados do Estado consultados pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO, a procura por itens estrangeiros continua em alta, o que tem intensificado as encomendas específicas para o fim do ano.
Segundo o diretor-executivo do Super Nosso, rede com 12 lojas na Grande BH, Rodolfo Nejm, o grupo continua investindo fortemente na linha de importados, independentemente das recentes oscilações do câmbio acompanhadas pelo mercado. A aposta é justificada pela venda desses itens no acumulado de 2011 que contabilizou um salto de 25% em relação a igual intervalo do ano passado.
Embora não tenha especificado o aumento das encomendas para o Natal, o executivo disse que os pedidos estão adiantados e que a rede já está de olho no fim de 2012. Nejm, que acaba de participar de uma feira de alimentos na Alemanha, voltou do evento com negociações avançadas com fornecedores de panetones, massas, molhos, entre outros.
O executivo diz que, com a cotação atual do dólar, as investidas em mercadorias de outros países irão continuar crescente. A afirmação explicita o interesse do grupo focado nas classes A e B em diversificar o mix e ganhar competitividade frente a outras redes de supermercados gourmet.
Ainda de acordo com o executivo, as compras desses artigos não frearam mesmo no período em que a moeda americana superou R$ 1,90. "Já tínhamos encomendas programadas e embora o preço tenha ficado mais alto, o impacto não foi tão grande", garante. De modo geral, segundo Nejm, a alta nos valores não foi repassada para os clientes.
Bebidas - Apesar de ter assumido a manutenção dos preços, o Super Nosso não precisou se preocupar com a linha de vinhos, um dos principais segmentos de importados. Isso porque, as bebidas comercializadas pela rede são adquiridas, essencialmente, de países vizinhos como Chile e Argentina, onde a oscilação da moeda americana não gerou interferências.
O proprietário da rede de supermercados Coelho Diniz, sediada em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, Ercílio Diniz Filho, também afirma que a desvalorização do real não tumultuou os negócios ou as encomendas de Natal.
Prova disso é que a demanda por importados continua aquecida e enquanto a empresa prevê expansão de 15% para 2011, a procura por esses artigos registra salto de 25% somente considerando o intervalo entre janeiro e outubro. E, de acordo com Diniz, a aproximação do fim do ano deve intensificar ainda mais esse índice.
Para atender os consumidores, a rede investiu ao longo de 2011 em um aumento do mix de importados. Atualmente, os produtos estrangeiros representam entre 12% e 15% dos itens que compõem as gôndolas das nove unidades do Coelho Diniz.
Na visão de Diniz Filho, a atratividade e os preços dos artigos importados serão conservados em um cenário em que a cotação do dólar chegue a, no máximo, R$ 1,80.
O gerente de marketing do Supermercado ABC, com 21 lojas na região Centro-Oeste de Minas Gerais, Edmar Cardoso também acredita no aumento dessas comercializações. Desde o início do ano, a empresa contabilizou um aquecimento de 15% na demanda por importados, a maior alta dos últimos anos.
Entre os itens que lideram as vendas dessa linha de mercadorias, estão azeites, bacalhaus, bebidas, frutas secas e azeitonas.
Veículo: Diário do Comércio - MG