A procura por alimentação feita por meio de entrega (delivery), seja em casa ou no trabalho, é uma das estratégias que mais têm crescido no ramo de food service (alimentação fora do lar), sendo opção real de compra de 59% dos brasileiros. Cerca de 40% destes pedidos por Internet ou telefone são de sabores de pizza, estima a consultoria Gouvêa de Souza (GS&MD). Já a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) tem a perspectiva de que, este ano, o segmento de entrega de comida em domicílio, seja responsável por cerca de R$ 8 bilhões - 10% a mais do que em 2010.
Apesar de a pizza liderar a opção de compra, dentro do universo de food service, que emprega 6 milhões de pessoas e respondeu ano passado por movimentar no Brasil cerca de R$ 75,1 bilhões, a GS&MD indica que os consumidores brasileiros também são apaixonados por comida chinesa, além de lanches. Além disso, em média 75% dos clientes também compram bebida junto com a alimentação.
Atualmente, o Brasil conta com mais de 1,4 milhão de lojas de food service e estudos apontam: há ainda muito espaço para crescer, inclusive graças ao aumento da renda dos brasileiros que traz um público maior para ser atendido. "O setor vive um momento de expansão: novas redes estão chegando ao País, investimentos são anunciados por grandes operadores e há explosão de novos formatos", diz Ricardo Daumas, diretor de Desenvolvimento de Negócios em Food Service da GS&MD.
Quem tem aproveitado o bom momento de compras de comida feitas por telefone é a Mondo Pizza, que atua com delivery on-line e registrou, este ano, crescimento de 300% da quantidade de pedidos feitos pela Internet, frente ao ano passado. "A Internet é a opção mais barata, rápida e simples de fazer pedidos. As pessoas passam o dia fora e, quando chegam em casa, optam pela maneira mais eficaz de pedir comida: o deliveryon-line", crê o diretor da empresa, Marcelo Lima.
Pacotes diferenciados
Sócio da Conveniência Delivery, José Roberto Avelar viu na criação de pacotes (kits) diferenciados de entrega uma oportunidade de crescer inclusive em estados emergentes. Especializado na entrega de diversos produtos na região metropolitana de Salvador (BA), o portal já faz sucesso. "Fazemos o atendimento constantemente, mas queremos pegar essa parcela de consumidores que sofrem um pouco com a carência do comércio noturno. Temos kits completos para churrasco, formatura, aniversário. Apostamos também nos itens para alimentação, saúde e diversão."
O executivo explica que a empresa, que chegou a Salvador no começo do ano e já contava com atuação na Região Sudeste, tem se adaptado às particularidades do mercado baiano. "No Rio esse já é um costume mais consolidado. As pessoas têm mais conhecimento e procuram, de fato, a qualquer hora do dia ou da noite. Acredito que os baianos estão começando a assimilar essa forma de consumo", ressalta.
Para levar bebidas ao domicílio do cliente, o empresário Rafael Coelho, sócio e administrador da Eu Levo Bebidas Delivery aposta no contato humano para ganhar o mercado. "Eu e o Thiago [Thiago Chastinet, sócio da empresa] também fazemos entrega pessoalmente. Isso ajuda a aproximar, a estabelecer uma relação melhor com o nosso público."
Um dos aspectos apontados por Coelho é justamente o desconhecimento e a desconfiança com relação ao serviço de delivery. "Quando olham o nosso site e consultam nosso cardápio é muito comum ligarem para perguntar se é de verdade, se a gente faz entrega. Até fazem testes: pedem uma cerveja só para ver se chega, e quando nós entregamos a pessoa tem uma boa surpresa", diz. Hoje, o valor médio pago pela entrega é R$ 5. "Muitas vezes compensa mais fazer o pedido do que sair de casa, ir a um bar ou restaurante e consumir. Não tem trabalho nenhum, é só ligar ou acessar o site", declara Coelho.
O segmento cresce e já gera oportunidades coletivas, tanto que já existem empresas especializadas em entregar comida de diversos restaurantes. E o caso da Disk Cook, que adotou modelo existente nos Estados Unidos. A empresa presta serviços a cerca de 100 estabelecimentos diferentes e, juntos, somam mais de 10 mil itens para entrega.
Setor
A alimentação fora do lar cresce acima da média nacional. Enquanto em 2010 o faturamento do varejo alimentar brasileiro cresceu 12,8% ante 2009, o do food service cresceu 16,5%, passando de R$ 64,4 bilhões para R$ 75,1 bilhões. Os números são da Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia). A UFRJ estima que hoje existam no País cerca de 50 mil estabelecimentos que prestam serviço de entrega de alimento; em 2005 seu número não passava de 20 mil. "Mais que dobramos em cinco anos o número de locais que oferecem esse tipo de serviço, e, com o crescimento da Internet, a expectativa é triplicar nos próximos anos", diz Roberto Simões Silva, professor de Economia da UFRJ.
Veículo: DCI