Chineses querem uma fatia do mercado publicitário brasileiro

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Depois de entrar no Brasil através da indústria e varejo automotivo, da tecnologia da informação e infraestrutura, os investidores chineses também estão buscando espaço entre as agências de publicidade. Entre 2010 e 2011, pelo menos cinco agências chinesas entraram no País, sempre enfocadas em fechar parcerias com as compatriotas de outras áreas. Este é o caso da Chee Lin, com um escritório recém-lançado no nordeste. A empresa afirma que começará os serviços em novembro, e vem para ganhar o espaço na região. "Estudamos o mercado brasileiro com cautela e escolhemos o nordeste pois percebemos esta demanda ainda mais evidente", explicou Rubens Júnior, responsável pelos negócios da empresa no mercado brasileiro.

Para abrir a empresa, a holding chinesa irá investir nos próximos cinco anos cerca de R$ 400 milhões e o retorno já deve começar a aparecer já em 2012. "O consumo de publicidade no Brasil atinge níveis a cima da média mundial, então há muito trabalho há ser feito e o investimento deve ser recuperado ainda o ano que vem", diz Junior, que já atuava na área de publicidade e aceiitou o convite da chinesa. "É um grande desafio entender e aplicar a cultura brasileira em propagandas dentro de uma empresa chinesa, por isso existia essa necessidade de misturarmos as duas nações e pegarmos o que há de bom nos dois países", continuou o executivo.

Sem revelar os nomes das contas o executivo afirma apenas ser outras chinesas. "A principio vamos investir em parceria com outras empresas chinesas ou de outros países da Ásia, isso porque há mais facilidade de comunicação e muitas vezes a parceria vem fechada na China", finaliza.

Quem também acabou de entrar no Brasil e já faz grandes planos é a chinesa Tee-hee, que vem investindo em mercados emergentes e conta com 10 anos de experiência em marketing promocional. O grupo, que começou a atuar em fevereiro, conta com clientes de relevância no mercado nacional, como Flash Power e Burger King.

Com sede em Xangai, na China, e escritório em São Paulo, a empresa está sob o comando de cinco sócios: os brasileiros Ana Carolina Bornhausen, Natalie Assad e Fernando Abbud, o italiano Raimondo Gissara e o inglês Luther Jones. A proposta da Tee-hee Brasil é integrar as plataformas on-line e off-line em ações de marketing inovadoras.

Ao prever a saturação da Europa, os sócios fundadores Raimondo Gissara e Luther Jones decidiram investir em países em desenvolvimento. "A estratégia foi encontrar locais onde ideias criativas pudessem ser implantadas. Na Europa o setor já foi explorado, dificultando a entrada de inovações", afirma Raimondo Gissara, sócio da Tee-hee Brasil.

Brasileiras

A chegada da concorrência dentro do mercado nacional não inibe as agências brasileiras de aumentarem suas ações no setor. Para Marcelo Vieira, sócio da agência publicitária Beevolt, a concorrência ainda é saudável. "Novos players faz com que a qualidade do trabalho melhore". Para o executivo, a tendencia é para os próximos anos o número de empresas do ramo cresça ainda mais, mas com mais cautela. "Logo as empresas que abriram as portas na euforia vão fechar, e ficarão só os maiores do mercado."

Este ano a Beevolt anunciou a parceria com a portuguesa Laranja Mecânica, do megaempresário João Monsanto. "O mercado europeu enfrenta uma dura crise no segmento de publicidade. Hoje a média de queda anual está em torno de 6% ao ano, enquanto o Brasil segue como força neste mundo da publicidade e propaganda, por isso os olhos do mundo estão no Brasil", diz Monsanto.

A brasileira Beevolt, que faturou US$ 3 milhões em 2010 espera já dobrar esta quantia em 2011. "Com essa parceria, ampliaremos nosso leque de clientes e teremos a oportunidade de expandir ainda mais nosso negócio", continuou Vieira.

Com 20 funcionários, Vieira prevê a abertura de mais uma unidade nos próximos meses. "Brasília é um lugar onde já atuamos com força e lá há muito potencial de expansão. É possível que entremos nesse mercado." A marca tem escritório em São Paulo e Rio de Janeiro.

Para Michelle Bernardes, professora de Publicidade da Universidade de Campinas, a tendência é que o Brasil continue enfrentando concorrência estrangeira, e não apenas as asiáticas. "O Brasil virou a menina dos olhos de muitas empresas internacionais, ao lado Índia pelo alto índice de consumo que a população tem."

Para a analista, o único problema encontrado pelas estrangeiras ainda é o perfil cultural da publicidade nacional. "Quando a empresa vem para o brasil através de uma parceria, a agência tem mais chances de se manter no mercado", disse, e completou: "No caso dos chineses que estão vindo sozinhos, há uma dificuldade maior em entender o perfil do consumidor brasileiro e, consequentemente, falar em uma linguagem que ele aprecie", disse.


Veículo: DCI


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