Preço do leite no varejo do Brasil é o mais baixo do mundo

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Mesmo assim, margem de lucro obtida pelo setor no País chega a ser 80% mais elevado em produtos como o leite em pó, de acordo com dados da Leite Brasil



O produtor de leite no Brasil segue em uma situação bastante complicada, dado a baixa margem de lucro obtida frente ao valor de venda final do produto ao consumidor. Segundo levantamento da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Leite Brasil), alguns itens, como o leite em pó, chegam a receber uma margem de lucro superior a 80% nas redes varejistas.

O estudo também demonstrou que o preço do leite no varejo do Brasil está entre os mais baratos do mundo. Enquanto o valor do leite longa-vida é cotado a US$ 1 na cidade de São Paulo, Pequim na China, figura como a cidade mais cara, vendendo o mesmo produto a US$ 3,76.

Mesmo com o lucro dos varejistas, o presidente da Leite Brasil, Jorge Rubez, afirma que o preço do produto no país ainda é baixo. "Na cidade de São Paulo se paga mais caro em quase tudo, aluguel, transporte, alimentação. Já o leite consumido é um dos mais baratos do mundo. Esse valor está na contramão do alto custo de vida dos paulistanos, que hoje vivem na 10ª cidade mais cara do mundo", afirmou.

Depois da China, o lugar onde o leite é mais caro é Tóquio, no Japão, com US$ 2,70, e o terceiro é ocupado por Sydney, na Austrália, com US$ 1,83 o litro. Em uma amostragem de 16 cidades importantes dos EUA, 11 delas possuem o litro de leite mais caro que em São Paulo. O preço mais barato foi encontrado em St. Louis e Cleveland, com US$ 0,91 por litro, e o maior em Honolulu, com US$ 1,90.

"Existe uma série de fatores que influenciam o preço do leite e que muda a cada temporada", disse Rubez, salientando que os fatores considerados mais poderosos na formação dos preços deste alimento são a redução da oferta de matéria-prima, as margens dos supermercados, o custo de produção de leite e derivados e a renda do consumidor. A soma destes fatores representa 84% das forças que influenciam a variação dos preços. Outras variantes citadas foram estoques, importações, preços internacionais de lácteos e de commodities.

"Em cada país, os fatores que pesam no nível de preços do leite vêm de forças diferentes, mas os impactos exercidos pelas distorções nas políticas internas e comerciais são muito fortes. Mesmo assim, eles acabam praticando preços superiores aos do Brasil", garantiu Rubez.

O presidente da entidade afirmou que apesar dos valores mais baixos no Brasil, os produtores seguem com baixa lucratividade ou nenhuma. Em seu levantamento os dois fatores que limitam o setor é a margem de lucro dos supermercados, e a falta de união. "As redes varejistas possuem margens muito altas. Há três anos tentamos conversar com eles para entrar em um acordo, eles concordaram, mas não cumpriram nada do que aceitaram. E com isso se o produtor elevar a sua margem, junto a margem da industria e do varejo, ficará muito caro, e o consumo cairá", completou o executivo.

Rubez afirmou que as redes varejistas chegam a colocar uma margem de lucro superior a 80% em alguns itens, como o leite em pó, 61% no leite pasteurizado e 27% no longa vida. "Se o setor fosse unido nós tentaríamos represar as entregas, deixando um déficit. Entretanto os produtores não sabem nem a cotação do dia, imagina se organizar para isso".

Por fim, Rubez afirmou que o consumo de leite no Brasil segue abaixo do que a sugestão do Ministério da Saúde, e deve fechar o ano com 161 litros por habitante ano, contra os 200 litros sugeridos. Já a produção brasileira fechará com 30 bilhões de litros.


Argentina

Enquanto o produtor brasileiro briga por preços melhores, as importações de leite em pó da Argentina continua competindo com nosso produto. Tanto que representantes do setor leiteiro nacional se reúnem nos próximos dias para avaliar a proposta apresentada pelos exportadores argentinos para limitação voluntária dos volumes de leite em pó vendidos ao Brasil. O acordo bilateral entre o setor privado dos dois países, com aval dos governos, venceu em abril deste ano e não foi renovado devido os argentinos terem proposto aumentar a cota de 3,3 mil toneladas mensais para 4,4 mil toneladas.

Vicente Nogueira, coordenador da câmara do leite da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), disse que a proposta não é tão "indecorosa" como a inicial, mas não será aceita pelo setor privado brasileiro. Os números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que no acumulado até setembro as importações brasileiras de leite em pó cresceram 88% em volume para 65,6 mil toneladas.


Veículo: DCI


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