Minas deve colocar no mercado, neste ano, 45,6 milhões de frutos, volume 16,1% superior ao de 2010.
Mais um fim de ano com previsão de muito calor anima os produtores mineiros de coco-da-baía. Com a elevação da temperatura, o agricultor tem oportunidade de aumentar a renda. Por isso, a expectativa é de que se repita o bom desempenho obtido no verão passado, quando as vendas do fruto cultivado no Estado cresceram 106% em relação ao verão anterior, apenas na CeasaMinas, da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Foram comercializados 1,8 milhão de unidades no entreposto.
"Este período é favorável também para as empresas que compraram o coco no inverno para aproveitamento da água, que foi envazada e armazenada para entrar no mercado nos meses quentes, período de maior demanda", explica João Ricardo Albanez, superintendente de Política e Economia Agrícola da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa).
Além disso, no verão, os agricultores têm a possibilidade de fazer novas vendas de coco para as empresas processadoras que necessitarem atender ao crescimento da demanda de água. Neste caso, os agricultores já entregarão o fruto com cotação mais alta, observa o superintendente.
Pouca oferta - De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção mineira de coco-da-baía, em 2011, deve alcançar 45,6 milhões de frutos, volume 16,1% superior ao da safra passada. O fator que mais contribuiu para o bom desempenho do setor, de acordo com Albanez, foi a melhoria da produtividade nas lavouras, como conseqüência, principalmente, do manejo da irrigação conjugado com a utilização de adubo.
A região Norte lidera o ranking da produção de coco em Minas. Com 42% da safra estadual, teve também o maior índice de produtividade, 27,8 mil frutos por hectare. Ainda tiveram bom desempenho, devido ao aumento da produtividade, as regiões do Rio Doce, Zona da Mata e Triângulo, com produção de 11,6 milhões, 5,7 milhões e 2,3 milhões de frutos, respectivamente.
A irrigação nos 180 hectares de coqueiros da Fazenda Coqueiro Verde, localizada em Várzea da Palma, na região Norte, tem contribuído para a obtenção de safras de alta qualidade o ano inteiro. Arlin Maria Ribeiro Neto, o proprietário, diz que ainda não tem os números exatos, mas a colheita deste ano deve superar a do ano passado, que foi da ordem de 3,8 milhões de cocos, ou 146 frutos por planta.
O principal destino dos frutos da Coqueiro Verde é São Paulo, vindo em seguida o Rio de Janeiro e Belo Horizonte. A cotação, segundo Neto, varia atualmente de R$ 0,55 a R$ 0,60 a unidade, mas a média deverá ser mais alta nos meses de calor. Depois, a partir do segundo trimestre, os preços voltarão a cair por causa do esfriamento da demanda no inverno. Neste caso, a alternativa para grande parte dos agricultores é fornecer o fruto às indústrias, que se interessam sobretudo pelo aproveitamento da água de coco, de olho no retorno do calor. Neto diz que prefere vender para o varejo e que está programando um aumento de cem hectares na área plantada na Coqueiro Verde, a fim de atender a esse mercado em permanente expansão.
O cultivo de coco-da-baía, nos moldes adotados por Neto, possibilita boas safras, principalmente devido a um sistema de irrigação automatizado, que controla o volume de água para cada área do plantio. A explicação é de Marilson Dalla Bernardina, extensionista da Emater-MG em Várzea da Palma. Segundo o técnico, o sistema de produção tem grande versatilidade, sendo que até o terceiro ano de desenvolvimento dos coqueiros havia o cultivo de moranga híbrida e feijão aproveitando água de irrigação no espaço entre os coqueiros. Atualmente o plantio consorciado não é utilizado porque, de acordo com Marilson, os coqueiros fazem muita sombra.
Já o superintendente de Desenvolvimento Sustentável do Agronegócio e da Silvicultura da Subsecretaria do Agronegócio, Bruno Barros Ribeiro de Oliveira, considera que as plantações de coqueiro em plena produção, embora não atendam mais a programas de integração com a agricultura, ainda podem gerar uma renda adicional, caso sejam integradas à pecuária, principalmente com a introdução de ovinos, já que animais maiores poderiam comprometer o sistema de produção do coco. As informações são da Seapa.
Veículo: Diário do Comércio - MG