Produtores gaúchos têm tido resultados positivos com o plantio de duas variedades de citros, uma voltada para o consumo de mesa e outra com potencial para a indústria de suco e mercado in natura. As cultivares navelina e ortanique foram introduzidas no Brasil há muito tempo, mas só em 2002 foram registradas no Ministério da Agricultura. "Até o registro, que deu caráter comercial, elas apenas compunham um banco de germoplasma", diz o pesquisador Roberto Pedroso de Oliveira, da Embrapa Clima Temperado. A Embrapa e o Instituto Agronômico (IAC), de Campinas (SP), foram os responsáveis pela introdução das variedades no Brasil.
A navelina é uma laranja de umbigo originária da Califórnia. De crescimento rápido, inicia a produção comercial no terceiro ano. "Ela não serve para a indústria porque o suco fica amargo. O potencial é para consumo de mesa, por causa da excelente qualidade do fruto e ausência de sementes", diz Oliveira. A variedade é bastante produtiva - 40 toneladas/hectare.
"Mais colorida e com maior equilíbrio entre acidez e teor de açúcares, a fruta torna-se mais apreciável pelo consumidor." Amaturação dos frutos da navelina é precoce. No Rio Grande do Sul, a colheita vai de maio a junho.
Já a ortanique, híbrido de tangerina e laranja, sem sementes, tem dupla aptidão. "Os frutos têm sabor doce e a quantidade de suco é abundante, ao redor de 50% do peso total do fruto", diz. Diferentemente da navelina, a ortanique é tardia e a colheita vai de julho até fim de outubro. O rendimento é de 40 toneladas/hectare. "Com uma precoce e outra tardia, ao cultivar as duas o produtor aproveita a mão de obra e tem receita em duas épocas do ano."
No RS, as laranjas são cultivadas em São Gabriel e Rosário do Sul, onde a temperatura amena contribui para a produção de melhores frutos, item essencial para o mercado de mesa. O Estado tem 40 produtores, responsáveis pelo cultivo de 500 hectares de navelina e 300 hectares de ortanique. "Pode-se dizer que o produtor já perdeu a desconfiança inicial e que a área está em expansão."
Em São Paulo, as cultivares estão sendo plantadas em 15 áreas experimentais, segundo a pesquisadora Rose Mary Pio, diretora substituta do IAC. "O Estado produz laranja para suco. A fruta de mesa existe, mas fica em segundo plano." Capão Bonito, no sudoeste paulista, tem apresentado bons resultados. "A região é perfeita para a produção de fruta de mesa. Tem clima ameno e maior amplitude térmica, excelentes para obtenção de um fruto de mesa."
Veículo: O Estado de S.Paulo