Reconhecendo que ficou com a imagem abalada após a maior crise em quase três décadas de existência, o Shopping Center Norte, na zona Norte de São Paulo, estuda uma revitalização para atrair os consumidores em 2012. O projeto inclui a criação de uma sala VIP no estacionamento - que deixará de ser gratuito -, a reforma no forro, na fachada e na iluminação do imóvel, e uma ciclovia para ligar o local com o Parque da Juventude. A segunda etapa será modernizar o Lar Center, do mesmo grupo.
Filha mais nova de Curt Otto Baumgart, fundador do Center Norte, Gabriela Baumgart - que é também uma das diretoras do negócio - disse ao Valor que o plano será concluído em dezembro. Apesar dos problemas deste ano, a projeção é que os centros comerciais fechem 2011 com crescimento de 15% sobre 2010.
A empresa está apostando no Natal para recuperar as perdas do trimestre. O investimento em marketing para a data foi de R$ 5 milhões, o maior já feito pelo centro comercial, e inclui sorteio de carros no Center Norte e um leilão de guirlandas no Lar Center. A expectativa é que as vendas aumentem 12% sobre 2010, quando foram investidos R$ 4,5 milhões.
Em 2011 o Center Norte passou pela pior crise em seus 27 anos de existência. No dia 16 de setembro, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) aplicou uma multa diária exigindo a aceleração de obras para afastar o "risco potencial de explosão na área" por causa da concentração de gás metano no local, um antigo aterro.
A novela durou semanas. Nesse tempo, a prefeitura pediu a interdição do complexo e multou a empresa. O Center Norte conseguiu uma liminar impedindo o fechamento, que foi derrubada. No dia 5 de outubro, o local foi fechado, e a direção informou que havia concluído as obras. As lojas reabriram no dia 7. A Cetesb disse que continuaria a fazer inspeções, mas a assessoria não soube dizer quando foi a última.
O Center Norte diz que as vendas no período caíram 25%. Na época, lojistas disseram ao Valor que o público estava 40% menor.
Gabriela Baumgart diz que o Center Norte recuperou 95% de seu fluxo normal, de 80 mil pessoas durante a semana e 120 mil no fim de semana. No entanto, a reportagem conversou com funcionários de C&A, Renner, Drogaria São Paulo e Viena, entre outras lojas, e ouviu um cenário um pouco pior: que o movimento está entre 30% e 40% do que era antes da crise. Os empregados, que preferem não se identificar, disseram que o movimento está "muito baixo desde a história do gás" - expressão recorrente dos interlocutores.
Questionadas, as redes preferiram não comentar. A International Meal Company, que controla o Viena, informou que o fluxo caiu após a interdição, mas que está aumentando de novo.
Os negócios dos Baumgart estão espalhados por vários setores, que vão de hotéis a gado e impermeabilizantes. O Center Norte é controlados pelos grupos dos três irmãos: Curt, pai de Gabriela, que morreu no ano passado; Ursula e Rolf. A holding tem capital fechado, e o faturamento do grupo gira em torno de R$ 600 milhões.
Veículo: Valor Econômico