A cautela do consumidor em relação às mudanças no cenário econômico provocou estagnação nas vendas no varejo na primeira quinzena deste mês em relação a novembro de 2010. Esse desempenho, ainda preliminar e que não reflete o afrouxamento do crédito feito pelo Banco Central na semana passada, confirma a perspectiva de um Natal sem crescimento.
Entre os dias 1.º e 15 de novembro, as consultas para vendas à vista ficaram estáveis na comparação com igual período de 2010, segundo dados da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), baseados em informações fornecidas pela Boa Vista Serviços. Nas consultas para as compras financiadas, o acréscimo foi de 0,2% nas mesmas bases de comparação. "Depois do resultado de outubro, o desempenho da primeira quinzena de novembro não surpreendeu", afirma o economista da ACSP, Emílio Alfieri. O mês passado tinha fechado com alta de apenas 0,5% nas consultas para compras a prazo e variação zero nas compras à vista em relação ao ano anterior.
Apesar de a confiança do consumidor estar em níveis elevados por causa da manutenção do emprego, outra pesquisa da ACSP, feita em parceria com o instituto Ipsos, revela que ele está inseguro para gastar.
De acordo com uma enquete nacional que consultou mil pessoas, 27,8% delas não sabem o que vão fazer com a primeira parcela do 13.º salário. No ano passado e no anterior, essas fatias eram bem menores, de 18,2% e 7,3%, respectivamente.
Ao mesmo tempo que um número maior de consumidores está indeciso, diminuiu a parcela daqueles que planejam ir às compras com esse dinheiro extra. Neste ano, 17,9% dos entrevistados declararam que vão comprar, ante 24% no ano passado e 29,3%, em 2009.
Calote. Apesar das vendas estagnadas, a boa notícia está na inadimplência. Na primeira quinzena, o ritmo de carnês renegociados (7%) foi maior do que o aumento de 6,4% no calote em relação a 2010.
Veículo: O Estado de S.Paulo