A gaúcha Mundial, fabricante de tesouras, alicates de unha, esmaltes e aviamentos, terá pouco o que comemorar na virada do ano. De janeiro a setembro, a empresa somou prejuízo de R$ 23,6 milhões e, segundo o presidente, Michael Lenn Ceitlin, não há perspectiva de reversão no último trimestre. A empresa reagiu com um plano de reestruturação, que começou a tomar forma em maio. Desde então, demitiu cerca de 180 funcionários. A partir de janeiro, vai reajustar os preços de seus produtos de 8% a 12%.
"Estamos vendo uma deterioração da atividade econômica. Há uma redução bastante forte da demanda por produtos de consumo", afirma Ceitlin.
As vendas de esmaltes, segmento em que a empresa atua com a marca Impala, estão entre as que mais decepcionaram. Ao perceber um crescimento acelerado do consumo em 2009 e 2010, a Mundial ampliou a capacidade da fábrica para atender ao dobro da demanda. A projeção não se confirmou e foi preciso desmontar a estrutura de produção.
"Tivemos que fazer uma redução de custos indiscriminada", diz o executivo, citando o corte de mais de 5% no número de funcionários da companhia, que somam hoje 2,5 mil.
A questão é que o crescimento do mercado de esmaltes não chamou a atenção somente da Impala. Muitas empresas entraram no segmento, pressionando os preços para baixo. Com custos mais altos, nesse e em outros mercados em que atua, a Mundial decidiu reajustar os preços. "A inflação interna nos obriga a fazer esses aumentos para manter a margem", diz Ceitlin.
No terceiro trimestre, as vendas da Mundial somaram R$ 96,9 milhões, um recuo de 7,7% com relação ao mesmo período de 2010. A maior queda ocorreu em aviamentos para a indústria têxtil. A demanda foi prejudicada, segundo Ceitlin, pela excessiva entrada de roupas importadas no mercado brasileiro. A empresa sentiu ainda pressão de custos pela alta do principal insumo - o latão - devido à alta do dólar, e também por reajustes salariais.
Veículo: Valor Econômico