Produtos têm preferência das redes.
A consolidação de marcas regionais em um contexto de mercado absolutamente globalizado continua sendo um desafio para profissionais de marketing de todo o mundo. Diferente do que se chegou a imaginar, quando grandes players começaram a conquistar o mercado global, produtos e prestadores de serviço originários de regiões específicas não perderam força. Pelo contrário, marcas locais chegam a representar a maior parte dos negócios de importantes redes varejistas.
De acordo com o diretor da Idéia Comunicação Empresarial e diretor associado do grupo Troiano de Branding, Levi Carneiro, uma rápida observação nas gôndolas mineiras retrata claramente a força das marcas regionais. "Quem conhece a economia mineira e os negócios de Minas sabe muito bem disso. Basta lembrar nomes como Itambé, Copasa, Localiza, Cemig, Drogaria Araujo, Fundação Dom Cabral, Arezzo e tantas outras para ficar claro que o Estado tem sido um grande construtor de importantes marcas. Muitas delas com atuação nacional e até internacional", disse.
Conforme um estudo da ACNielsen, as marcas regionais representam 34% do mercado brasileiro das categorias de alimentos, limpeza, higiene e bazar. Levantamento de outros institutos apontam nessa mesma direção.
No caso de Minas Gerais, a presença das marcas regionais nas mesmas categorias chega a 50%. "Isso significa que, além de uma vocação natural dos mineiros para construírem marcas duradouras, existe agora uma tendência que contribui e reforça esse caminho. Sem dúvida, isso é algo que merece reflexão e trabalho da parte de quem é profissional na área do branding e da comunicação das empresas do Estado", avaliou Carneiro.
Para o presidente do grupo Troiano, Jaime Troiano, a proximidade das marcas regionais em relação ao mercado, a facilidade logística em um país de dimensões continentais e a flexibilidade desses produtos são os principais fatores que justificam a viabilidade desse modelo de negócio. "Para os consumidores, a marca regional é uma bandeira da preservação da identidade local", disse.
Para Troiano, um aspecto decisivo para o êxito dos empreendedores regionais é a capacidade de atender as demandas pontuais das classes C e D. "Geralmente é um tipo de produto que considera e incorpora os traços e o saber local, em vez de pensar o mundo do ponto de vista de um escritório central e distante", avaliou.
Ainda segundo Carneiro, o momento é propício para os empreendedores mineiros criarem marcas de abrangência local. "As circunstâncias do mercado impulsionam e facilitam o sucesso dos trabalhos de branding desenvolvidos em regiões específicas. Quanto mais a marca entender e respeitar de fato o consumidor, quanto mais estiver próxima deles levando em conta as singularidades e diferenças do seu território de atuação, mais ela será reconhecida e se fortalecerá", afirmou.
Veículo: Diário do Comércio - MG